terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

RESERVAS DE ÁGUA DOCE DO PLANETA


A RESERVA DE ÁGUA DOCE DO SUBSOLO É MUITO MAIOR DO QUE A EXISTENTE SOBRE AS TERRAS



O Mapa da topografia e batimetria do mundo, mostrando ocorrências conhecidas de água doce salobra subterrânea no mar não deu para incluir.
De acordo com um grupo de pesquisadores liderado pelo Dr. Vincent Post, do Centro Nacional de Águas Subterrâneas e da Universidade Flinders, na Austrália, cerca de 500 mil quilômetros cúbicos de água potável estão enterrados sob o fundo do mar em plataformas continentais ao redor do mundo.
A água subterrânea poderia, talvez, ser usada para garantir suprimentos para cidades costeiras florescentes do mundo, e foi localizada ao largo da Austrália, China, América do Norte e África do Sul.
“O volume deste reservatório de água é cem vezes maior do que a quantidade que temos extraído da sub-superfície da Terra desde 1900. Saber sobre estas reservas é uma grande notícia, porque este volume de água poderia sustentar algumas regiões por décadas”, explica Post, que é o primeiro autor do artigo publicado na revista “Nature”.
“Os cientistas que se dedicam às pesquisas de águas subterrâneas sabiam que há água doce sob o fundo do mar, mas achavam que ela só aparecia sob condições raras e especiais. Nosso estudo mostra que aquíferos doces e salobros abaixo do leito marinho são realmente um fenômeno bastante comum. Essas reservas foram formadas ao longo dos últimos milhares de anos, quando, em média, o nível do mar era muito mais baixo do que é hoje e quando o litoral ficava mais longe. Então, quando chovia, a água se infiltrava no solo e enchia o lençol freático em áreas que hoje estão sob o mar”, explicou.
Quando o nível do mar subiu, no momento em que calotas polares começaram a derreter, cerca de 20 mil anos atrás, essas áreas foram cobertas pelo oceano. Muitos aquíferos eram – e ainda são – protegidos da água do mar por camadas de argila e sedimentos que se assentam sobre eles.
“Os aquíferos são semelhantes aqueles abaixo da terra, que grande parte do mundo depende para beber água, e sua salinidade é baixa o suficiente para que possam ser transformados em água potável”, destaca o cientista. “Há duas maneiras de acessar essa água. Construir uma plataforma em alto-mar e perfurar o fundo do mar, ou perfurar do continente ou ilhas próximas dos aquíferos”, diz.
Enquanto perfuração longe da costa pode ser muito cara, essa fonte de água doce deve ser avaliada e considerada em termos de custo, sustentabilidade e impacto ambiental contra outras fontes de água, como a dessalinização, ou até mesmo a construção de grandes novas barragens em terra.
“A água doce sob o fundo do mar é muito menos salgada do que a água do mar. Isto significa que pode ser convertida em água potável com menos energia do que a água do mar exige durante a dessalinização, e também nos deixaria com muito menos águas hiper-salinas”, conclui o Dr. Post. [Sci News]

OBSERVAÇÃO –
NO BRASIL ESSA RESERVA SUBTERRÂNEA É O LENÇOL GUARANI.
Aqüífero Guarani: a maior reserva de água doce do mundo
A água do aqüífero é considerada potável em quase toda a sua extensão, sendo raros os pontos onde as suas águas apresentam, originalmente, teores de salinidade e enriquecimento em flúor acima do limite de potabilidade. 
Nos últimos anos, uma das grandes preo cupações ambientais tem sido a escassez da água. Uma preocupação que foi amenizada com a descoberta do Aqüífero Guarani, considerado a maior reserva de água doce e potável do mundo. Talvez o único com água potável a 2 mil metros de profundidade, uma vez que outros aqüíferos como os da Arábia Saudita, do Egito, da Líbia, da Austrália, da França (Paris) e do Arizona, nos Estados Unidos, similares geologicamente, apresentam altas taxas de salinidade, tornando-os impróprios para o consumo humano. 
A denominação Aqüífero Guarani é uma homenagem à nação Guarani, uma tribo indígena que habitava toda essa região nos primórdios do período colonial, e foi dada após um segundo acordo comercial entre os países, em que se localiza. Inicialmente havia recebido a denominação de Aqüífero Gigante do Mercosul. Na Argentina e no Uruguai, o aqüífero era reconhecido como Formación Taquarembó e, no Paraguai, como Formación Misiones. 
Muitos estudos devem ser realizados para possibilitar a utilização racional e o estabelecimento de estratégias de preservação eficientes. Atualmente estão sendo perfurados muitos poços para a exploração da água subterrânea sem a devida preocupação com sua proteção, sendo cada caso ou problema tratado isoladamente.
Diante da demanda por água doce, faz-se necessário o entendimento amplo do sistema hídrico Aqüífero Guarani de forma a gerenciar e proteger este recurso. Para tanto, é necessário organizar os dados e informações existentes, de forma que seja possível integrar a utilização dos bancos de dados dos diversos países abrangidos pelo Aqüífero, permitindo identificar as áreas mais frágeis que deverão ser protegidas. A divulgação dessas informações é ferramenta fundamental para a implementação e consolidação de um sistema de gestão adotado em nível nacional ou internacional, um desafio para todos os países contemplados pelo aqüífero.
A água do aqüífero é considerada potável em quase toda a sua extensão, sendo raros os pontos onde as suas águas apresentam, originalmente, teores de salinidade e enriquecimento em flúor acima do limite de potabilidade.
Essa característica se deve a vários fatores, dentre eles:
1) presença de mineral, dióxido de silício (SiO²), que não reage com a água;
2) diferente das demais unidades hidrogeológicas do Planeta, os sedimentos que formam o Aqüífero Guarani não sofreram influência marinha. Devido a isso, existe a ausência de altos teores de salinidade;
3) clima úmido existente a partir do Período Cretáceo (há cerca de 135 milhões de anos), propiciando a recarga (infiltração) e a descarga de volumes significativos de águas, o que proporcionou a formação de grande volume, um “mar” de água doce, que se acumulou no subsolo. Atualmente, as precipitações (chuva) variando de 1.000 a 2.400 mm anuais, fizeram com que esta região do continente Sul-Americano se transformasse, potencialmente, em uma das regiões mais ricas em recursos hídricos subterrâneos do mundo. 
O ciclo de renovação das águas do aqüífero é relativamente muito mais curto do que o calculado para as demais unidades geológicas correlacionáveis nos outros continentes do globo terrestre, que além da influência marinha, apresentam um tempo para renovação de fluxo da água da ordem de dezenas de milhares de anos. 
Apesar das características descritas, há uma significativa preocupação entre os cientistas com relação às áreas de recarga, áreas consideradas mais vulneráveis, devendo ser objeto de programas de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea e sobre-exploração do Aqüífero com o conseqüente rebaixamento do lençol freático, o impacto nos corpos de água superficiais e, conseqüentemente, no desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões de que faz parte. 
O Aqüífero Guarani localiza-se no Centro-Leste do Continente Sul-Americano, abrangendo uma área próxima de 1,2 milhão de km². A área de distribuição se estende por quatro países:

Brasil: 840 mil km², 
Argentina: 225 mil km² 
Paraguai: 71,7 mil km² 
Uruguai: 58,5 mil km² 

No Brasil ocorre em 8 Estados: 
Mato Grosso do Sul: 213,2 mil km² 
Rio Grande do Sul: 157,6 mil km²
São Paulo: 155,8 mil km² 
Paraná: 131,3 mil km² 
Goiás: 55 mil km² 
Minas Gerais: 51,3 mil km² 
Santa Catarina: 49,2 km² 
Mato Grosso: 26,4 mil km² 


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