24/11/2012 às 6:23 – BLOG Reinaldo Azevedo
A
questão sempre rondou as más consciências, era enunciada de modo oblíquo,
falada nos cantos, nos becos, nas bocas, nas tocas — como diria o sambista… Era
sugerida, mas jamais pronunciada. Ontem, finalmente, o ainda deputado João
Paulo Cunha (PT-SP), condenado por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, rasgou a fantasia e o verbo, revelou o que realmente pensa o PT,
deixou aflorar seu [do partido] racismo asqueroso e primitivo. Inconformado com
a atuação do ministro Joaquim Barbosa, que assumiu nesta quinta a presidência
do STF, Cunha mandou ver: “[Barbosa] Chegou [ao
Supremo]
porque era compromisso nosso, do PT e do Lula, de reparar um pedaço da
injustiça histórica com os negros”.
Que
nojo de João Paulo Cunha!
Já
explico onde estava este senhor quando vomitou o racismo de seu partido. Quero me
ater um pouquinho ao conteúdo de suas palavras porque elas provam, por A mais
B, algumas considerações que andei fazendo neste blog, ao longo dos anos, sobre
a questão racial.
No
dia 11 de outubro de 2011, escrevi um texto sobre a relação que
o PT mantém com as chamadas minorias. Lá se pode ler este trecho (em azul):
Será mesmo o PT um partido especialmente afeito à defesa das mulheres, dos negros, dos gays, dos direitos humanos – de grupos e temas, enfim, que seriam discriminados pela sociedade “reacionária”? Uma ova! Essa gente tem é um desprezo solene por todas essas causas e só as utiliza como instrumento de sua luta pelo poder. O PT defende, sim, o negro, desde que esse negro carregue a bandeira do partido – se não for assim, o sujeito é acusado de “preto de alma branca”. O PT defende, sim, a mulher, desde que ela carregue a bandeira do partido – se não for assim, ela é acusada de agente de machismo. O PT defende, sim, os gays, desde que o gay carregue a bandeira do partido; se não for assim, ele será acusado de bicha reacionária.
Bingo!
Pensemos
na enormidade da fala de João Paulo, que representa o pensamento da ampla
maioria do PT e de Lula — que também já andou cochichando essa ignomínia por aí
em versos, trovas e palavrões, como é de seu hábito.
Na
formulação petista, Joaquim Barbosa não chegou ao Supremo por seus méritos, mas
porque é preto. Assim, quem o nomeou ministro foi a vontade de Lula, que lhe
teria prestado, então, um favor, fazendo uma concessão a uma “raça” — afinal,
sabem como é, o PT é contra as injustiças… Mais: por ser negro, Barbosa estaria
impedido de julgar segundo os autos, as leis e a sua consciência. A cor da pele
lhe imporia, logo à partida, um determinado conteúdo. É por isso, ministro
Joaquim Barbosa, que critiquei tão duramente a resposta que Vossa Excelência deu a
um repórter. Ainda que ele pudesse estar fazendo uma provocação, condicionar a
visão de mundo das pessoas à cor de sua pele é manifestação do mundo das trevas
intelectuais, que é de onde parte a fala de João Paulo.
Lula,
o PT e os petistas esperavam um negro grato, de joelhos, beijando a mãos dos
nhonhôs. Queriam um Joaquim Barbosa doce como uma negro forro, que se desfizesse
em amabilidades com o seu ex-senhor e se sentisse feliz por ter sido um dos
escolhidos da senzala para receber o galardão da liberdade. Em vez disso, o que
se tem, na visão dos petistas, é um negro ingrato, que decidiu olhar a lei, não
quem o nomeou; que decidiu se ater aos crimes cometidos pelos réus, não à cor
de sua própria pele; que decidiu seguir as regras do estado democrático e de
direito, não o projeto de poder de um partido.
Negro
filho da mãe!
Negro
traidor!
Negro
que não carrega bandeira!
Negro
vira-casaca!
Negro
ingrato!
Negro
negro!
Não
é de hoje, certamente, que Barbosa recebe pressões. Agora entendo com mais
precisão uma resposta que deu numa entrevista concedida à Folha em 2008:
“Engano pensar que sou uma pessoa que tem dificuldade de relacionamento, uma pessoa difícil. Eu sou uma pessoa altiva, independente e que diz tudo que quer. Se enganaram os que pensavam que, com a minha chegada ao Supremo Tribunal Federal, a Corte iria ter um negro submisso. Isso eu não sou e nunca fui desde a mais tenra idade. E tenho certeza de que é isso que desagrada a tanta gente. No Brasil, o que as pessoas esperam de um negro é exatamente esse comportamento subserviente, submisso. Isso eu combato com todas as armas.”
“Engano pensar que sou uma pessoa que tem dificuldade de relacionamento, uma pessoa difícil. Eu sou uma pessoa altiva, independente e que diz tudo que quer. Se enganaram os que pensavam que, com a minha chegada ao Supremo Tribunal Federal, a Corte iria ter um negro submisso. Isso eu não sou e nunca fui desde a mais tenra idade. E tenho certeza de que é isso que desagrada a tanta gente. No Brasil, o que as pessoas esperam de um negro é exatamente esse comportamento subserviente, submisso. Isso eu combato com todas as armas.”
Voltemos
a João Paulo e aos petistas. Assim como um escravo dependia da boa vontade de
seu dono para obter a alforria, esses meliantes morais estão a dizer que
Barbosa dependeu da boa vontade de Lula para ascender ao Supremo. Como ele ousa
jogar a lei na cara daquele que tem a certeza de que lhe fez um favor e uma
concessão?
Raramente
um negro foi tão ofendido por um partido! Raramente os negros como um todo
foram tratados com tanto desdém. Que desastre moral para boa parte dos
movimentos negros, que certamente se calarão porque funcionam como esbirros do
petismo! Este, se querem saber, é o pior de todos os racismos. A besta ao
quadrado que sai por aí a vomitar injúrias raciais de modo explícito não é, ao
menos, cínica. Os que cobram de um negro a fatura por tê-lo nomeado para a
corte suprema do país — onde a única coisa decente a fazer é ser independente —
deixam claro que usam as causas apenas como instrumento de poder.
O PT
é craque nisso! Lembrem-se que campanhas eleitorais de Lula e de Dilma reuniram
cotistas e bolsistas do ProUni — um programa federal, que não pertence ao
governo, mas ao Estado — para que expressassem a sua gratidão a seus
“benfeitores”, a seus “donos”, a seus nhonhôs… O país do PT não é aquele dos
homens livres. O partido só entende a linguagem da ordem e do pau-mandado, como
sabe o relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), que entrega a redação
do relatório ao comando de seu partido para que tente as suas vendetas.
Barbosa
que se cuide! O ódio dessa gente não é pequeno. A qualquer momento a sua
reputação pode ser alvo de um franco-atirador do mundo das denúncias.
Achincalhe da Justiça
João Paulo disse aquela enormidade numa “plenária” feita em Osasco para satanizar o STF e declarar a inocência dos mensaleiros, a que compareceram José Dirceu e José Genoino. Rui Falcão, presidente do PT, e os deputados Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara, e Arlindo Chinaglia (SP), líder do governo na Casa, faltaram.
Dirceu
pregou abertamente o confronto com o Supremo. Mais do que isso: segundo
entendi, quer o tribunal submetido a júri popular, à moda maoísta: segundo ele,
o PT deve ir às ruas para “fazer o julgamento do julgamento”. Huuummm… Quanto
mais trela lhe dá o jornalismo que lhe serve de porta-voz, mais valente ele
fica. Daqui a pouco, o Marcola e o Fernandinho Beira-Mar também proporão formas
de luta contra o Judiciário.
Dirceu
deixou claro que não aceita as decisões da Justiça de seu país. Conclamou: “É
preciso ir as ruas, discutir, debater o que esta acontecendo. Não aceitamos.
Estamos revoltados e indignados e somos vítimas de um julgamento injusto”. É
evidente que o homem ultrapassou a linha da crítica e do direito a
manifestações. Está pregando abertamente a resistência a uma decisão da
Justiça. E isso, como sabem, é crime!
Por
Reinaldo Azevedo
COMENTAMOS
1.
Não é porque meu bisavô
era negro... Nem porque tenho muito boas relações com homens de cor que dou os parabéns
ao Reinaldo.
Meu amigo José
Carlos Barbosa, escritor de Ribeirão Preto e meus dois sobrinhos-netos afrodescendentes,
sabem muito bem que eu faço a defesa incondicional da igualdade entre as etnias
e não é de hoje.
Aliás, o maior
defensor da escravidão negra no Brasil, o Marquês de Pombal, Ministro português
que decretou a abolição da escravidão dos índios, falou o máximo que se pode
dizer dos negros, ao fazer seu conselho aos colonos: “Prefiram escravos negros,
pois são mais fortes e saudáveis, aprendem mais rápido e respeitam compromissos”.
Isto quer dizer que são a etnia que tem as três qualidades máximas de um ser
humano – físico, mental e espiritual superiores.
Como falar em
conceder quotas em escolas ou serviços???
No dizer de José
Carlos Barbosa... “não queremos proteções... queremos apenas oportunidades!”
2.
No mérito do
assunto – mensalão, PT, STF.
Vamos acompanhando
o caminho da volta à moralidade. Será arrepiante implantar a verdadeira Democracia
no Brasil com um movimento que leve à frente a nobre etnia que descendia de
reis e príncipes e chegou ao nosso país como escravos. É uma coisa muito
lógica. Quem busca a Libertação, jamais desistirá. Escravagistas Putralhas
donos de todos os Partidos Políticos precisam ser defenestrados e isto pode ser
feito pela revogação de todas as leis que impedem o desenvolvimento mantendo a
escravidão aos Banqueiros.
Estarei oferecendo
o IMPOSTO ZERO para começar a escalada, conjugado com a mudança da Educação
para uma EDUCAÇÃO HUMANISTA.
LEIAM NOSSOS
ARTIGOS A RESPEITO NESTE BLOG