CONSIDERAÇÕES
SOBRE O BIPARTIDARISMO FUNDAMENTAL E A CIDADANIA CAPAZ
Muito bem explicitada a dicotomia política, para o bem ou para o mal.
O ‘revolucionário’, ou melhor, o pseudo revolucionário age conscientemente não para construir, melhorar, aperfeiçoar o
mundo, mas para destruí-lo, acreditando que o sucesso nesse desiderato
insensato o absolve dos crimes ao fundar uma nova realidade.
O fato é que a efetiva evolução da humanidade apoia-se nos valores e princípios fundamentais da civilização; e o
progresso efetivo ocorre na medida em que prevalecem as ideias reformistas e de
aperfeiçoamento da humanidade e, não das ideias inspiradas em ideologias
revolucionárias neo-regressivas totalitárias por si só violentas e destrutivas.
Ou como sintetiza Jacques
Rollet:
“Os
verdadeiros amigos do povo não são nem revolucionários nem inovadores, mas sim
tradicionalistas.” ROLLET, Jacques. Religião e
Política – o Cristianismo, o Islão, a Democracia. Lisboa:
Instituto Piaget, 2002, p.113.
CONCORDO
COM ESSA OPINIÃO ACIMA DO alvaropcerqueira@uol.com.br;
|
Fazemos Mais um comentário ao final.
CONSIDERAÇÕES
SOBRE O BIPARTIDARISMO FUNDAMENTAL E A CIDADANIA CAPAZ
:: FRANCISCO VIANNA
Quinta
feira, 12 de junho de 2014
As pessoas
costumam estar divididas em dois grupos básicos de ideias: os
conservadores e os revolucionários. Mesmo assim tais denominações podem se
intercambiar. Explico.
Quando os
revolucionários conseguem implantar um sistema inventado por um filósofo
qualquer, que não represente uma evolução social natural, para criarem um
novo regime social – leia-se: político e econômico – se transformam
imediatamente em conservadores, assim chamados por passarem a se dedicar,
então, em conservar aquilo que conquistaram. Por sua vez, os que eram
chamados, por estes, de conservadores, porque queriam conservar a ideologia
que foi mudada, passarão a ser imediatamente considerados como revolucionários,
na medida em que passam a atuar no sentido de restaurá-la.
As sociedades
mais evoluídas e de maior índice de desenvolvimento humano mantêm um
bipartidarismo com base nessa diferenciação do comportamento político e que,
nem sempre, circunscreve um comportamento econômico correspondente.
Como não existe
economia fora do capitalismo, a diferença consiste em se ter esse capitalismo
basicamente funcionando na esfera privada ou na esfera estatal. Os que
defendem a primeira situação são os privatistas e os que defendem a segunda
são os estatistas.
Assim, o
comportamento social das pessoas vai desde a defesa de um poder político
absoluto e autoritário oriundo da mudança de uma ordem pré-estabelecida com
uma estatização completa da atividade econômica, a que se dá o nome de
“socialismo” para reunir os autoritaristas e estatistas – havendo aí uma
série de doutrinas que gravitam em torno desse mesmo objetivo – até a defesa
de um estado mínimo, apenas prestador de serviços públicos e de defesa
nacional, democrático e de preferência com base no mérito e na manutenção dos
valores culturais e civilizacionais formadores do povo e com a atividade
econômica desenvolvida em sua grande parte pelo setor privado, a que se dá o
nome de “liberalismo” para reunir os privatistas e meritocratas – havendo aí
também algumas doutrinas que visam obter uma gradação desse resultado social.
No primeiro
grupo, o dos estatistas – situados historicamente à esquerda do espectro
social – estão os que se fascinam pelo populismo histriônico, messiânico,
carismático de líderes que no mais das vezes são amplamente demagógicos e se
destacam na sua atividade política por defender utopias nunca antes bem
sucedidas como fórmulas mágicas para conseguirem criar o que chamam de uma
“sociedade mais justa e equilibrada”, raramente dissociados de seus
interesses de enriquecimento pessoal e de liderar apenas uma pequena
burguesia criada em seu entorno pra lhe dar sustentação de hegemonia de seu
‘partido único’. Para isso começam agindo dentro de uma ideologia
“trabalhista”, pela qual o único capital real é o humano e o financeiro deve
estar sob o controle exclusivo do estado ou simplesmente não existir de modo
visível.
No segundo grupo
estão os que não querem trocar o certo pelo duvidoso, o que já funciona,
mesmo com algumas deficiências, pelo desconhecido e que nunca funcionou em
lugar algum. Aprenderam com as aulas práticas ministradas pela história do
século XX que o capital financeiro tem o mesmo valor do capital humano, ou
seja, que o dinheiro e o trabalho têm valores equivalentes dentro do processo
produtivo e que as pessoas trabalham para ganhar dinheiro e se capitalizarem
e, assim que o conseguem, investem esse capital para gerar mais trabalho e
riqueza e que, quanto maior for o estado maior será seu peso e o obstáculo à
realização desse processo.
O fato de serem
chamados de revolucionários ou conservadores é, pois, amplamente
circunstancial e depende de estarem ou não no poder. Ambos os lados poderão,
como visto, ser considerados como ‘reacionários’, pois reagirão sempre no
sentido de impedir que suas convicções percam terreno em relação às do outro
grupo.
O exposto até
agora corresponde ao argumento básico do bipartidarismo, ou a defesa
dicotomizada do comportamento social dos indivíduos. As nuances
ideológicas de ambos os lados não devem se transformar em partidos políticos,
mas apenas em correntes dentro desses dois grandes partidos, ou seja, de um
lado, à esquerda, uma espécie de PAE, ou Partido do Autoritarismo Estatista,
e, do outro lado, à direita, uma espécie de PPDR, ou Partido Privatista da
Democracia Representativa.
Assim, dentro do
primeiro, teríamos correntes no sentido de diminuir o autoritarismo em
direção ao que chamam os esquerdistas de “democracia direta” e de permitir
uma controlada atividade capitalista privada em luta ideológica com as
correntes defensoras da radicalização de suas ideias.
Da mesma forma,
dentro do segundo partido, haveria desde correntes defensoras de certa
atividade capitalista do estado e certa concentração de poderes nas mãos de
uma elite dirigente, a outras que lutariam pelo fundamentalismo de suas
ideias privatistas e representativas.
Isso pode
parecer, a alguns, certo maniqueísmo, que além de falso – uma vez que as
variações surgiriam por atividade intrapartidária – é amplamente preferível à
situação absurda de um pluripartidarismo onde os partidos políticos são
criados apenas para abrir espaços a políticos geralmente vinculados apenas
aos seus próprios interesses pessoais.
À cidadania,
caberia o bom senso e a eficácia de praticar uma estrita alternância de poder
entre ambos os partidos, para evitar que qualquer um dos dois lados acabasse
por construir sociedades desequilibradas, política e economicamente, nos dois
sentidos.
O que ambos os
lados não podem, impunemente, desconsiderar é a defesa prévia e preeminente
dos valores culturais e civilizacionais formadores do povo e do fato de não
se poder exigir que uma pessoa assuma responsabilidades para as quais não
está minimamente educada ou instruída para tal, criando falsos direitos e
obrigações incapazes de serem satisfeitos e cumpridas.
Dessa noção,
surge o próprio conceito de “cidadania capaz”, ou seja, da pessoa que tem
condições mínimas de educação, de urbanidade, de instrução – leia-se:
escolaridade – e de formação profissional para que permitam que contribua e
participe, quer com sua bolsa quer com sua atividade pessoal, para
representar e se fazer representar na condução dos governos em suas variadas
instâncias bem como na manutenção e defesa dos interesses legítimos do seu
país.
Assim, há pessoas
que não reúnem essas condições essenciais ao exercício da cidadania e, pois,
considerá-las como cidadãos, além se ser
uma aleivosia irresponsável, fatalmente levaria à formação de situações
sociais absurdas, decadentes e retrógradas.
Assim, caberia às
duas correntes partidárias majoritárias, o estabelecimento dessas condições
mínimas de atribuições às pessoas para qualificá-las como aptas ao exercício
da cidadania. capaz dentro do
contexto social, ou seja, político e econômico.
O erro do
esclarecido é sempre mais aproveitável como lição para a correção de rumos e
de atitudes do que o erro do ignorante e do deseducado, que nem sequer jamais é admitido
por este como erro.
Por mais que se
possa titular tal abordagem como “elitista”, o que se tem como certo é que,
sendo a verdadeira elite o que há de melhor e mais desenvolvido numa
sociedade, são os integrantes dessa elite que devem conduzir a sociedade,
pois nela estarão fatalmente os seus verdadeiros líderes capazes.
Afora essas pessoas, não restará alternativa a não ser a sociedade vir a ser
dirigida por falsa elite, constituída pela escória social ignorante.
A instituição da
“cidadania capaz” levaria naturalmente à satisfação da exigência de políticos
mais probos e capacitados, bem como legisladores e administradores (e reais
estadistas) muito mais preparados para se desincumbirem de seus misteres em
benefício das pessoas e, por via de consequência, da nação.
Já ouvi amigos
dizerem, com uma razão aparente, que a democracia meritocrática não é um
regime para “povos atrasados” e que estes têm que ser controlados por
ditaduras e terem suas economias dirigidas pelo estado e agirem em
conformidade estrita deste. E que as democracias meritocráticas e o
capitalismo privado e de livre mercado são apanágios apenas dos países
mais desenvolvidos e que, por isso mesmo, garantem a sua hegemonia continuada
no mundo.
A diferença, no
entanto, parece estar confinada apenas à existência ou não
de uma “cidadania capaz”. Quanto mais desenvolvido um país, maior será o
número de “cidadãos capazes” e vice versa. Quando todas as pessoas de um país
são pretensamente consideradas como cidadãos, o resultado social obtido está
longe de ser o melhor ou, pelo menos, o mais adequado à felicidade e ao
progresso coletivo, inclusive e principalmente ao dos menos preparados.
Assim, povos atrasados podem prosperar rapidamente quando estabelecem uma
''cidadania capaz'', ou seja, onde apenas as pessoas minimamente educadas e instruídas
podem participar do processo decisório.
Ainda não se
inventou ou se praticou qualquer regime em que uma minoria não mande ou
lidere uma enorme maioria. Mandar é uma coisa, mas liderar é bem outra coisa
e, daí, ser absolutamente indispensável que essa minoria seja composta das
pessoas mais capazes e probas da sociedade, com maior preparo educacional e
de maior escolaridade, o que lhes dá a capacidade de melhor gerir o bem
comum, e até de promover a capacitação das pessoas ainda não preparadas para
exercitar uma “cidadania capaz”.
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COMENTANDO
TEMOS QUE ESCLARECER QUE O SEGREDO DE FORMAR
CIDADANIA CAPAZ É A EDUCAÇÃO. PORÉM A EDUCAÇÃO QUE OS ESCRAVAGISTAS COMANDAM É
PARA DEFORMAR OS CIDADÃOS PARA QUE SE JULGUEM INFERIORES E CONTINUEM ESCRAVOS.
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