O TAO DA FÍSICA – DE FRITJOF CAPRA
COMENTÁRIO PRÉVIO
ESTE RESUMO DO LIVRO QUE PRETENDE FALAR DE FÍSICA MAIS MODERNA COMO
AVANÇANDO PARA A MÍSTICA, SERVE PARA ILUSTRAR COMO O PENSAMENTO CIENTÍFICO
TAMBÉM ANDA PARA TRÁS. QUEM SIGA ESTE CAMINHO, ESQUECE QUE CIÊNCIA NÃO É SÓ
TESES ABSTRATAS. É PRECISO EXPERIMENTAR E TRAZER USOS PARA A VIDA, A
CONVIVÊNCIA, O PROGRESSO E O BEM ESTAR HUMANO.
1 - O
CAMINHO DA FÍSICA
Esta edição brasileira
traz um pequeno prefácio de Mário Schenberg de setembro de 1984. Sem prender-se
muito ao aspecto filosófico sobre os paralelos entre Física e Misticismo,
enaltece as explicações da ciência física em Capra. Resumos - Prefácio em 1974.
Nesta redação inicial, Capra reconhece que usou as "plantas de poder"
como recomenda Cantañeda. Declara que escreve para o leitor médio que quer
entender o misticismo, mas não tem melhores conhecimentos da teoria física.
Reconhece que ao escrever teve mais clareamento da visão que queria transmitir.
Prefácio à 2a.edição (1982) - Escrita em 1982, reconhece que o sucesso que teve
com a edição do livro lhe causaram grande impacto na vida. Avisa que na segunda
edição atualizou dados das pesquisas mais recentes de Física subatômica.
Acrescenta que já estava encontrando a extensão desses paralelos das filosofias
orientais com a Biologia e com a Psicologia. 1.Física Moderna - caminho com o
coração? Começa citando Oppenheimer, Nihels Bohr e W.Heisenberg que também se
referem ao paralelo das conclusões atuais da Física com o Misticismo Oriental.
Explica que ao falar de misticismo oriental se refere somente ao Hinduísmo,
Budismo e Taoísmo. Refere-se ao século V a.C no choque entre a filosofia do Ser
de Parmênides e do Vir a Ser de Heráclito. Conclui esse capítulo dizendo que
pretende com esta obra melhorar a imagem da ciência para propor que a Nova
Física ultrapasse a tecnologia e seja um Caminho (TAO) com um coração. 2- Conhecendo e vendo - Aborda a
dualidade em que o homem debate seu conhecimento para juntar à pesquisa
científica o entendimento intuitivo. Cita os estudos de Pitágoras que une
matemática e teologia. Traça um paralelo entre a observação da natureza do taoísmo
com a pesquisa científica. Depois aborda os mestres Zen. Cita Einstein, que já
percebia que a realidade entendida matematicamente jamais estará segura de sua
exatidão. Conclui este capítulo lembrando que os mestres orientais também
reconhecem não poder transmitir em palavras as suas experiências. 3- Além da
Linguagem - Começa com Suzuki do Budismo japonês lamentando a limitação da
linguagem. Prossegue com Heisenberg dizendo o mesmo da dificuldade de explicar
a teoria quântica em palavras. Comenta os Koans que expressam em absurdos os
enigmas a serem enfrentados pelo Zen-budista. E cita Heisenberg quando relata
debates com N. Bohr onde acaba perguntando se realmente a natureza é tão
absurda como se mostra nos fenômenos vistos pelos experimentos atômicos.
Conclui com a observação dos físicos de que o caminho para o infinitamente
pequeno foge da racionalidade comum. 4- A Nova Física - Neste capítulo
contrapõe a Física Clássica descrita pelo universo newtoniano parecendo uma
rocha indestrutível, contra a Física Moderna onde aparece o conceito de
"campo" da eletrodinâmica de Maxwell e daí à frente tudo muda.
Compreende muito bem que a nova Física surge com a façanha de Einstein ao
elaborar a teoria da Relatividade para explicar os fenômenos atômicos. Lembra que
foi só 20 anos depois que a teoria quântica foi desenvolvida. Com o conceito do
continuo espaço-tempo, e da velocidade limite da luz, mais a curvatura do
espaço tempo, invalidando a geometria euclidiana, prossegue explicando o
impacto da compreensão do mundo atômico extremamente pequeno em relação ao que
vemos e extremamente grande para a dimensão de suas parte. Da natureza
ondulatória dos elétrons, da natureza quântica da luz, da oposição das cargas
das partículas e descoberta do nêutron, a criação de partículas no campo vazio,
chegavam à compreensão de que essas partículas eram compostas de outras
unidades menores, até entender que a realidade inclui o observador. Isto já se
aproxima do misticismo. Nossa Visão deste começo - Em 1950 Einstein já perguntava
se realmente haveria uma unificação do conhecimento, ou será que teríamos que
admitir uma dualidade de princípios. Vamos prosseguir nesta análise, até o fim
do livro de F. Capra para ver seu modo de entender esse dualismo.
O TAO DA FÍSICA - 2 - O CAMINHO DO MISTICISMO
Nesta segunda parte reúne
o que ele entende como conhecimentos místicos. 5- Hinduísmo - Capra define o
Hinduísmo como um complexo organismo sócio religioso. Explica que os Vedas ou
escrituras sagradas reunidas de 1.500 a 500 a.C contêm o ensinamento religioso
e culmina com os Upanishades como a filosofia dos maiores expoentes desse
pensamento; por sua vez, o povo indiano receberia esses ensinamentos em forma
de contos, dos quais o poema Mahabharata é exemplo, com sua parte épica Bhagavad
(Sublime Canção) sintetizando nos diálogos de Krishna e Arjuna todo o
ensinamento. Prossegue dizendo que a Vedanta é a escola mais intelectual do
hinduísmo e ao falar de Yoga parece desconhecer sua extensão para chegar a
entender as simbologias clássicas desde Brahma, Vishnu e Siva e outras deidades
como reverência a deuses pessoais. Nossas críticas - Não se pode querer que
Capra tivesse aprofundado suas leituras nesses campos todos... 6- Budismo -
Classifica o Budismo como filosofia de sabor psicológico. Descreve a expansão
das teses budistas pela Ásia como adaptações dos ensinamentos de Buda com teses
locais. Enumera as 4 Verdades Nobres com o caminho Óctuplo. Faz ver que o
conceito de Vazio no ensino do Grande Veículo do Budismo (Escola Mahayana) não
é nihilista. Conclui com a ideia de que o Budismo se polarizou na Ásia e
Suzuki, no Japão, afirma que foi aí que se atingiu o clímax do conhecimento
budista. 7- O pensamento chinês - Entende Capra que os chineses apresentaram
sempre uma consciência social avançada por serem práticos. Cita que a partir do
século VI a.C há duas filosofias chinesas - Confucionismo e Taoísmo -
entendendo que esses ensinamentos se destinavam mais a crianças (Confucionismo)
e a mais idosos (Taoísmo). Traz como exemplo o livro Tao-te-king de Lao Tsé em
uma oposição ao Livro das Mutações (I-ching). Nossa crítica - Por não ter feito
um estudo objetivo e histórico do ICHING, não poderia chegar mais a fundo em
uma obra de caráter geral como é O Caminho da Física. 8- O Taoísmo - De começo,
acha que o Taoísmo apresenta uma orientação mística. Corretamente explica que
os taoistas consideram todas as mudanças da natureza como manifestações da
interação dinâmica entre os princípios Yin/yang. Compara essa concepção com a
de Hieráclito na Grécia, no mesmo século. 9- Zen - Classifica a filosofia Zen
como tipicamente japonesa resultado de um intercâmbio entre o misticismo
indiano, a naturalidade taoísta e o pragmatismo de Confúcio, mas a seguir diz
que o Zen é na sua essência Budista... REVISÃO - Esta Parte "2" de
nosso resumo será melhor entendida quando analisarmos a parte "3".
Vejam ali nossos comentários.
O TAO DA FÍSICA - 3 - OS PARALELOS
Veremos nesta parte desde
o capítulo 10 ao 13: - 10- Unidade de todas as coisas - Na visão oriental,
todas as coisas são manifestações de uma unidade básica, enquanto nós não nos
apercebemos disso, mas a Física moderna já tem que admiti-lo. A teoria quântica
de Max Plank desenvolvida por Heisenberg e Nihels Bohr na década de 20 leva em
conta duas realidades - o observador e o fenômeno observado. A conclusão
objetiva é que jamais podemos ter a certeza de conhecer como é "o
observado" ao ter descrito o fenômeno; só temos ali uma probabilidade,
pois todas as partículas estão interagindo sempre e jamais poderemos indicar
onde está cada uma e como vai comportar-se em sequência. Como no misticismo, a
Física moderna tem que admitir que não há "observação", sem participação
e interferência do observador. 11- Além do mundo dos Opostos - Todos reconhecem
que existem as coisas opostas. No Budismo, no Taoísmo, no Bramanismo, atingir a
consciência plena de não pensar significa superar a ideia dos opostos. Assim é
na Física moderna, onde a ideia de princípios opostos expressa não apenas a
coexistência, mas a integração em outra realidade. O princípio da incerteza de
Heisenberg expressa nossa impossibilidade de definir ao mesmo tempo a posição e
a energia das partículas; quanto mais certo definirmos uma, mais indeterminada
será a outra. 12- Espaço-Tempo - Na Física clássica pensávamos em um espaço
absoluto, geométrico. Porém, desde Einstein entendemos que a geometria é uma
construção de nossa mente. Nas filosofias orientais tanto o espaço como o tempo
são entendidos como construções de nossa mente. Capra apresenta uma série de
gráficos para que se entenda a relatividade na sua definição do continuo
espaço-tempo. Nossa crítica - Embora Capra tenha escrito em 1975, esse
entendimento já estava na ciência e no meu livro "Além da Curvatura da
Luz", escrito em 1957 e depois em 1973 quando redigia "Einstein, o
Campo Unificado", já era claro para mim que o tempo medido por um
observador é apenas a comparação entre o comprimento de onda do fenômeno e o
comprimento de onda da nossa mente. 13- O Universo dinâmico - Nas filosofias
orientais a mudança, o movimento, o dinamismo são a essência da realidade. Na
Física e Astronomia também temos essa concepção. Não nos esqueçamos do dito dos
filósofos helenistas - "panta rain" (tudo está em movimento). NOSSO
COMENTÁRIO - Passando adiante do estágio atual da Teoria das Cordas havemos de
compreender que esse entendimento da dinâmica da Realidade ultrapassa tudo que
a Física moderna está pronta a admitir, ou seja, que toda a descrição da
mecânica quântica está de cabeça para baixo... O Universo Dinâmico é uma ilusão
e a verdadeira Realidade é o que chamamos de Vazio. Com apoio nesse mar de
energia estaremos em melhores condições de fazer seu uso no mundo quântico.
Quando expuser a Teoria dos Nove Universos, teremos melhor oportunidade de
mostrar que os pensamentos Orientais abordados por F. Capra possuem uma unidade
científica que nos fará aceitar que houve no passado a civilização Sumeriana,
cuja pesquisa nos levaria a ver que "Os Caminhos da Física" vão sendo
abertos com alguma ajuda que não vemos, mas que está aí, trazendo a cada
momento o conhecimento que alguns de nós podemos assimilar e usar naquele
momento.
O TAO DA FÍSICA - 4 - A NOVA FÍSICA
Resumindo DESDE
"VAZIO E FORMA" AO "EPÍLOGO" e Posfácio - 14- Vazio e forma
- Começa abordando o conceito de campo elétrico e magnético unificados por
Maxwell em eletromagnetismo. Prossegue mostrando o avanço do entendimento da
luz como quântica. Mostra que as filosofias orientais entendem a Realidade,
como Einstein, sendo ela o Vazio que está por baixo de tudo, sem nenhuma forma
e suportando o que tem forma e que chamamos de matéria. Cita expressões do
Budismo, do Taoísmo, do Iching e do Bramanismo que dizem o mesmo. Aborda os
conceitos de partículas e suas interações. 15- A dança cósmica - Começa falando
das partículas e antipartículas, dando a lista da Física graduando desde o
fóton, léptons, mésons e bárions. (Hoje sabemos que há muito mais). Mostra alguns
gráficos de comportamento dessas partículas nas colisões e interações. Cita a
dança de Shiva simbolizadora dos ciclos cósmicos e vitais, para concluir que na
Física é a dança das partículas. 16- Simetria Quark - Diz que os padrões de
átomos e de partícula são muito semelhantes. Ilustra a simetria yin/yang das
filosofias com sua equivalente no campo quântico. Com a "caça aos
quark" expõe rapidamente essa tese de que haveria uma partícula (quark)
fundamental de todas. 17-Padrões de Mudança - Comentando sobre a teoria da
Matriz-S que está por baixo da ideia dos quarks, lembra que toda a Física se
prende desde os gregos a princípios explicativos gerais. Expõe a estrutura dos
Hexagramas do I-ching, fundamentando as mutações em combinações de trigramas
feitos de "linhas" cheias (yang) e linhas interrompidas (yin)
comparando com a simetria das partículas. 18- Interpenetração - Lembrando que
não é sustentável a tese de que existam blocos básicos de construção da
matéria, tenta elaborar a ideias de que não são as partículas menores que
definem as qualidades das estruturas e sim as suas relações interpenetradas.
Conclui que isso nos leva além da ciência, a um universo indivisível, como no
entendimento do TAO, onde o ser humano faz parte da mesma consciência do todo. Epílogo
- Lembra que a Física Clássica é útil para descrever o que encontramos em nossa
vida diária e que foi bem sucedida como base para a tecnologia. Porém, os
fenômenos subatômicos, como os místicos, não obedecem ao mecanicismo exigindo
entender as experiências não usuais, conhecimentos que nos fazem passar por uma
transformação da consciência. A Nova Física revisitada - Como Posfácio à
segunda edição do livro, explica que desde 1975 até a data dessa edição houve
muitos progressos nas análises do mundo sub-atômico. Cita o fato de que se
verificam conexões não locais entre fenômenos de interações de partículas. Como
a busca atual da Física é pela unificação da teoria eletromagnética dos quanta
com a teoria relativista da inércia-gravitação compreende que essa busca
esbarra na dificuldade de estender a ideias do quark para explicar as
interações fortes. Apresenta a teoria de Bohm onde as partes teriam englobado
em cada uma os princípios totais do todo. NOSSA VISÃO - Como expusemos na parte
"3" ao propor nossa crítica aos capítulos 12 e 13, temos em estudos
nada menos que a sequência lógica que levará da definição da natureza da
energia livre ao seu uso prático por meio de máquinas. E isso é bem prático
experimental e não apenas misticismo.
O TAO DA FÍSICA - FIM
Resumirei nesta quinta
parte desde o Posfácio à Terceira Edição. Em 1990, 15 anos após a primeira
edição (1975), Capra procura responder: se a visão do livro permanece
verdadeira, se os paralelos entre física e misticismo oriental são hoje
conhecimento comum, se é preciso reformular a tese inicial, como responde às
críticas, e como estão evoluindo essas concepções rumo a um maior potencial
para trabalho futuro. Começa avaliando "O impacto do livro" - Recebeu
muitos elogios e se pergunta sobre o que ele teria provocado nas pessoas com
esse paralelo com as filosofias orientais, supondo uma mudança no modo de ver o
mundo. Mudança de Paradigma - Comenta o segundo livro ("O Ponto de
Mutação") onde abordou os temas modismos destas duas décadas (degradação
ambiental e perigo de confronto atômico) para achar que o paradigma ecológico
se alicerça na ciência moderna e que a nova visão ecológica é espiritual. As
influências de Heisenberg e de Chew - Embora Heisenberg deva ser entendido a
partir do Princípio da Indeterminação, ele traz apenas a obra "Física e
Filosofia" para afirmar que ali estava a semente de seu livro Tao da
Física. Geoffrey Chew também deve ser entendido como formulador de teoria das
partículas fundamentais na busca de um modelo S-matrix para abranger os menores
fundamentos em uma estrutura maior. Nossa crítica - Na verdade a busca mais
profunda na Teoria das Cordas até hoje não conseguiu responder às perguntas
fundamentais da Física desde Einstein: como definir a Estrutura e a Natureza da
Matéria Invisível que é a base em que ocorre a ilusão quântica. Capra fica
satisfeito com o edifício abstrato da teoria dos sistemas vivos. Progressos
Atuais e Possibilidades Futuras - Pensa o autor que o mais importante é que os
paralelos levantados por ele entre Física e Misticismo sejam estendidos às
outras ciências como Psicologia e Economia, com introdução dos conceitos
ambientalistas ou a política Verde. Fala um pouco do livro seguinte
(Pertencendo ao Universo) em coautoria com o frei David Steindl-Rast, monge
beneditino, onde diz introduzir também o Misticismo Ocidental.
CONCLUSÃO - Não me parece
que a Física venha a tornar-se um apêndice de Filosofias e Misticismos,
especialmente após estabelecermos a conexão entre a natureza descontínua do
Quantum como vórtice vazio e a natureza do Continuum gravitacional dentro do
qual se agitam as "cordas" com seus panoramas e aglomerados em
impulsos quânticos. Vejo o futuro da Física como uma continuação dos estudos já
comprovados para novos avanços com firmes bases experimentais e análises
matemáticas, dentre os quais estudos acrescentamos o testemunho das ciências do
passado às quais demos o nome de Misticismo antes de perceber seu caráter
científico. Seremos pragmáticos nessa Nova Física para chegar às máquinas que
funcionem sem consumo de nada.
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