Carta aberta PARA Jesse Souza
presidente do IPEA
De:
"Hellena Souza"
Recebido em:Qui 19/11/15
09:18
“A desigualdade é mais grave
que a corrupção” é o título da entrevista que o senhor, Jessé Souza
presidente o IPEA, deu a O Globo em 15/novembro.
Já começo discordando. Não é não.
A corrupção, sempre será a mais grave de todas as mazelas sociais, porque dela
derivam todas as outras. Bem esta é a típica afirmação de quem deve ter sido
nomeado mais por afinidades político-ideológicas do que por qualificações
técnicas. Afinal, nada como a opinião de um sociólogo pra referendar o discurso
governista de que as “ pedaladas ou a quebradeira geral do país, foram
necessárias para manter a comida do pobre na mesa”. No fundo querem desviar a atenção
para o maior escândalo de corrupção da História republicana, apontando para as
desigualdades existentes. Desigualdades que prometeram combater, já que
tudo era questão de “vontade política”.
A corrupção será sempre mais
grave pecado ou mal de uma sociedade, porque além de enriquecer
fraudulentamente aqueles que tem a responsabilidade de gerenciar o bem público
(de todos nós) inviabiliza a manutenção e o desenvolvimento de serviços
fundamentais da sociedade (saúde, saneamento, educação e infraestrutura),
penalizando majoritariamente os mais pobres. Os que utilizam a escola e
os serviços públicos de saúde, os que saem para trabalhar de ônibus e os que
ganham a vida transportando mercadorias pelas péssimas estradas do país.
Não satisfeito, dentro da lógica
dos governos recentes, de dividir o povo brasileiro e nos jogar uns
contra os outros, o senhor afirma que a classe média explora os
mais pobres, e claro lembra-se das empregadas domésticas. Bingo!
Encontrou o bode expiatório para todos nossos problemas. A exaurida
classe média que paga seus impostos direitinho, que paga duplamente pela
educação dos filhos, porque as escolas públicas tem greve todo o ano,
faltam professores, faltam equipamentos e oferece
doutrinação no lugar do aprendizado. A classe média que não faz gato
e paga muito caro pela luz, e pela NET. Afinal ela tem que pagar pelos
moradores das favelas e periferias, que mantêm no barraco, dois
aparelhos de ar condicionado e a TV a cabo, através do gato na luz e do
já famoso gato-Net.
Para o lulo petismo, a
classe média transformou-se na Geni da música. Quando o PT tinha entre 30 e 35%
dos votos, ela era incensada. Afinal o povão não votava no PT. Aqui no Rio
pobre e preto votava no Brizola e no seu PDT. Depois que o PT chegou ao
poder e mostrou sua verdadeira face, a classe média passou a ser perseguida,
porque discordou e discorda dos cambalachos, dos roubos dos achaques feitos
pelos homens públicos. Então de aliada de peso passou a ser demonizada. Neste
contexto a lei da empregada doméstica, cumpre seu papel. Mais que proteger
a doméstica, foi feita para punir as donas de casa. Seja a senhora do
grande empresário Abília Diniz, ou minha colega professora do ensino
fundamental que trabalha das 7h as 17h30m com uma hora de intervalo
e tem dois filhos pequenos e portanto precisa de uma empregada. Ambas as
mulheres, pagam os mesmos tributos ou impostos que uma empresa. Pelos olhos da
empregada, a professora é “rica”. É “madame”. Pelos cálculos do DIESSE, a
dupla jornada numa escola municipal , não garante a minha colega de
profissão, o mínimo do DIEESE
Caro senhor, seria ótimo se
realmente idealizássemos os EUA e copiássemos o que ele tem de melhor a
oferecer. Se concordássemos que quanto menor o Estado melhor liberdade
tem o cidadão. Se valorizássemos o individualismo e fôssemos tratados como
indivíduos e não “massa” “sindicalizados” membros de guetos. Se
aprendêssemos nas escolas a sermos empreendedores, independentes, criativos,
autônomos, para não depender e ficar refém do assistencialismo
governamental. Infelizmente, há pelo menos 35 anos nos ensinam cotidianamente a
odiar aquele pais, e seu capitalismo apresentados como os maiores responsáveis
pelos males do mundo.
Claro que há corrupção faz parte
dos governos. No Japão os envolvidos pedem desculpas por roubarem ao
povo, são exonerados, presos ou se matam. De vergonha. Nos EUA, vão presos e
ressarcem o erário e/ou contribuintes. Por aqui continuam tenham espaço
na mídia, ou presidem as mais altas casas políticas do país. E são
tratados por “vossa excelência”.
O senhor acredita mesmo que o
atual Estado brasileiro a exemplo do que houve no governo
Vargas, está sendo colocado a serviço dos mais pobre?
Desculpe-me, mas é um insulto a minha intelig6encia.
Quando Vargas chegou ao poder, o
país era agrário, não havia industria, e os famílias rurais orgulhavam-se de
ter 10-12 filhos. Pelo alto ele fez a modernização. Ganhamos e perdemos.
Ganhamos o direito de sermos representados por um partido, o PTB, sem ter
lutado para tal. Perdemos, pois desde então nos acostumamos a esperar do Estado
a resolução de nossos problemas, e a esperar sempre por um “pai da
pátria”. Nossa formação política também começou pelo alto. Sem
base. Só que Vargas tinha um projeto de país, de Estado e de Nação. A visão que
ele tinha do trabalhador que estava forjando era de que aquele homem,
necessitava do mínimo de conforto e de dignidade para sentir orgulho de ser
trabalhador. Vargas além de rico era um aristocrata e sabia o valor
e a importância disto. Basta ver o Conjunto Habitacional , chamado de
Minhocão, aqui no Rio de Janeiro, para sentir a diferença entre aquele
conjunto feito para os trabalhadores e as feias e pobres e mal
acabadas casas do “minha casa minha vida”. Quartinhos de pombo, feitas
com material de péssima qualidade, localizadas entre o nada e coisa nenhuma,
longe der tudo e de toda infra estrutura e algumas já apresentando
rachaduras, vazamentos e em estado de decomposição. Quantos anos tem mesmo o
imponente Minhocão de São Cristóvão no Rio de Janeiro?
Vargas, ainda que ditador, criou
o salário mínimo, baseando-se na cesta básica da época, mais que incluía
transporte, lazer, vestimenta, calcados. Hoje o governo dos trabalhadores há 12
anos no Poder não consegue (?) ou não quer decretar o salário mínimo
necessário do DIEESE, que é R$ 3 210,28 (no mês de outubro, porque vocês
conseguiram trazer de volta a inflação) ). Paga-se R$ 788,00, menos de ¼
do que o DIEESE preconiza e o desgoverno, joga pra plateia, com ajuda de gente
como o senhor, dizendo que “nunca antes na hist....... o trabalhador ganhou tão
bem”. Faz sentido. Se todos os trabalhadores recebessem o mínimo nominal,
não haveria necessidade de “bolsas famílias”, cestas básicas, auxílio
gestantes, bolsa gás e etc. Sendo assim como manter um eleitorado cativo,
ignorante e fiel para a manutenção do projeto de Poder do PT e das esquerdas?
Segundo sua fala, a mudança
social que aconteceu no Brasil gerou uma série de ressentimentos. Será? Que
mudança social? A inclusão se deu pelo consumo e não pela renda. Os mais
pobre, puderam comprar eletro-doméstico (da linha branca) e
eletro-eletrônicos a juros subsidiado. As enormes geladeira sempre vazias
convivem com os fogões de seis bocas, os micro ondas e as máquinas de lavar. Há
casas em que a TV é maior que a parede, não há reboco o chão é de terra
batida e as valas de cocô continuam a correr a céu aberto na porta das casas.
Isto eu presenciei.
Quanto à
famosa inclusão, alardeada a toda hora na TV, sobre pobre e preto na
Universidade, tenho minhas dúvidas. Como brasileira de pele
negra (porque negro é apenas cor), que cursou uma universidade pública nos anos
80 (graças a deus antes das cotas), gostaria muito que mais pobre e mais
pessoas de pele negra estivessem nas universidades. Pelo mérito. Entrando pela
porta da frente. Como eu e meu irmão formado em agronomia pela UFRRJ na década
de 1970. Com o mesmo nível de conhecimento que todos os demais
alunos, porque a Universidade é o lugar para a produção de conhecimento, do
aprimoramento do saber e requer conhecimento prévio, determinação, disciplina,
vontade de aprender, de estudar e muito esforço e dedicação. É
sempre bom lembrar que pobres e pretos (como quer a propaganda do PT) não
entram na Universidade por causa da cor ou da classe social. Não entram porque
não adquiriram os conhecimentos básicos requeridos para tal. Um pouco
porque nossa escola fundamental e média está falida. Outro
tanto porque filhos de pais pobres recebendo o pior salário mínimo do mundo,
não tem como poder se dedicar aos estudos. O senhor deveria saber que na
aquisição de conhecimento não se pulam etapas. A Universidade não
é lugar para se fazer justiça social, e as correções sobre ensino
aprendizagem devem ser feitas no fundamental. O resto e empulhação, demagogia e
populismo.
Esta sua frase é um primor: “o
problema é a corrupção ser manipulada politicamente para legitimar interesses
que não podem ser expressos de modo direto. A corrupção tem que ser combatida
como um fato cotidiano. Quando isso acontece nos outros países não leva ao
drama político, a esse carnaval todo. É o jogo de estar cuidando do interesse
da maioria, de limpar o país enquanto as pessoas continuam sofrendo” (sic).
Quem está manipulando a corrupção
politicamente para mascarar as desigualdades? Os ricos empresários condenados
pelo conchavo com os agentes públicos? Quem está fazendo
jogo? O dinheiro roubado é da população. E se somos a maioria, limpar o pa
Acontece que em poucos países o maior esquema de corrupção da
contemporaneidade, foi montado e gestado na Casa Civil de um presidente.
Acontece que em poucos lugares, um banco de fomento nacional, como BNDS
foi colocado a serviço dos interesses privados do ex-presidente e
seu grupo, que durante 35 anos levantaram a bandeira da moralidade
e do respeito a coisa pública. Acontece que temos que limpar o país sim,
porque um ex-presidente, seu partido e seus aliados são acusado de
envolvimento em tudo que é maracutaia ou “mal feito” com o
nosso dinheiro, e que beneficiam as plutocracias de países
como Angola, Congo, Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia e até um
ex-premier português. Acontece que a presidente em exercício não viu quebrarem
a maior empresa brasileira, Petrobrás, e agora para coroar quebrou o
país. O senhor acha pouco?
As pessoas estão sofrendo,
mas não por causa das investigações. Sofrem porque se sentem enganadas,
traídas. Outras sofrem porque o dinheiro acabou. Como a
ascensão foi pelo assistencialismo, pelo transferência e não pela real
distribuição de renda, quem ascendeu pelo consumo (via bolsas) está voltando ao
ponto de partida.
A presidente ainda não foi
impugnada (razões há de sobra), porque os presidentes das duas casas
legislativas tem “o rabo preso” (licença Zuenir Ventura). Enquanto isto o
senhor como porta voz do atraso insiste em que “ não devemos ceder ao
golpismo, para evitar que os endinheirados possam mandar sem voto”.
Quer dizer se tiver voto pode roubar e quebrar o país a vontade?
Francamente.
Helena Maria de Souza
E-mail: hellenasouza@uol.com.br
Profa. de História da rede
pública do Rio de Janeiro
COMENTARIO DO BLOG
Sou o primeiro a reconhecer que o que falta é "oportunidades" de conhecer a Verdade, liberdade para ir e vir e prosperar, ter seus méritos reconhecidos, e as propriedades das familias ganhas honestamente tem que ser respeitadas.
Isso é democracia!
Não é o "direito" obrigatório de votar nos capatazes da Senzala que é democracia!
Votar para revogar a ESCRAVIDÃO QUE EXISTE PARA TODOS, só isso seria voto democrático!
CONCORDO PLENAMENTE COM A PERGUNTA
Quer dizer - se tiver voto pode roubar e quebrar o país à vontade?
Francamente.
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