FÉ E CIÊNCIA - QUANDO ATÉ CIENTISTAS PRECISAM CRER
COMENTARIO PRÉVIO
QUE TAL VC ENTENDER QUE EINSTEIN ABRIU AS
PORTAS PARA ENTENDER CIENTÍFICAMENTE QUE HÁ UMA FORÇA COMO UM PONTO INFINITO
IMÓVEL QUE MOVE TUDO, ESTÁ EM TODA PARTE AO MESMO TEMPO, REGISTRA TUDO, E É A
FORÇA QUE FAZ TUDO QUE PODE SER FEITO (ONIPOTENTE, ONIPRESENTE, ONISCIENTE E
ONIAGENTE). E JÁ TEMOS A PROVA MATERIAL COM MÁQUINA QUE SE APOIA NESSA FORÇA!
Já comecei a postar no BLOG alguns artigos
para que entendam.
Lamento muito que ainda não tenham entendido
que somos escravos sugados por uma liga de Máfias escravagistas de velha
tradição feudal de três variantes:
Máfias ideológicas dividem as pessoas para
que briguem entre si por causa de princípios que ninguém vai unificar e assim o
feudal mafioso se coloca acima como juiz e manda nos dois lados.
Máfias econômicas fecham o circuito da
ignorância com a miséria e se colocam seus chefões na posição de beneméritos de
todos os pobres para escravizar para sempre.
Máfias religiosas fazem seus conchavos com
as duas, de modo mais satânico ainda, pois mandam seus escravos ignorantes com
meias verdades, acreditar que devem esquecer os bens terrestres para gozá-los
depois de morrer.
PORÉM, JESUS CRISTO MANDOU ESTUDAR ATÉ
CONHECER A VERDADE. E AÍ TEREMOS LIBERTAÇÃO.
MARCELO GLEISER
27/12/2015
02h02
RESUMO O tema das relações entre ciência e religião
continua gerando debates. O autor elenca diferentes posições assumidas por
cientistas diante da questão. "O que pode surpreender a muitos",
escreve ele, "é que essa atração pelo mistério, em essência uma atração
espiritual pela natureza, inspira o cientista em seu trabalho."
Ao discutirmos a complexa relação entre ciência e
religião, com frequência nos deparamos com posições polarizadas: ou se afirma
"acredito" ou se afirma "não acredito", com convicção
semelhante em ambos os casos.
Com frequência ainda maior, se perguntarmos no que,
exatamente, se acredita, ou de onde vem a necessidade individual da fé, nos
deparamos com respostas vagas que incluem "tradição",
"comunidade", "mortalidade", passando pelos que, de fato,
têm sua fé examinada, questionada e reavaliada regularmente.
Nossas convicções mudam com a idade e, entre elas
muda, também, nossa relação com a fé.
Nessa polarização milenar, muita animosidade
desnecessária vem da convicção infundada de que os que têm opinião diferente da
nossa em relação à fé, ou os que acreditam de forma diferente, estão
profundamente equivocados, ou são simplesmente tolos ou, pior, são infiéis que
não merecem viver.
Deixando de lado a óbvia radicalização dos
muçulmanos de organizações terroristas como Estado Islâmico ou Al Qaeda, um
exemplo mais ameno, mas não menos sintomático do radicalismo entre ateus e
cristãos vem ocorrendo nos debates presidenciais americanos, nos quais os ateus
são considerados os candidatos menos elegíveis. É impensável que se eleja um
presidente ateu nos EUA.
Na realidade, existe todo um espectro de
modalidades da fé humana que ocupa um rico espaço entre o radicalismo dos dois
polos. Por exemplo, Francis Collins, diretor do Instituto Nacional da Saúde nos
EUA – o órgão governamental que administra o maior número de bolsas de pesquisa
nas áreas da medicina e da biologia– não vê conflito algum entre ser cristão e
ser cientista.
Como ele, muitos cientistas veem a prática
científica como mais um meio de admirar a obra divina, como uma forma de
devoção religiosa. Essa é uma tradição antiga, que inclui, por exemplo, alguns
dos patriarcas da ciência moderna, como Copérnico, Newton, Kepler e Descartes.
A ruptura veio mais tarde, com o Iluminismo do século 18.
LEIS
Para ateus conhecidos do público, como Richard
Dawkins, Sam Harris e Christopher Hitchens (1949-2011), esse tipo de posição
intermediária é inconsistente com os fundamentos da ciência: a natureza é
material, e a matéria é organizada segundo leis quantitativas. O objetivo da
ciência é descobrir essas leis; não existe espaço para mais nada.
Segundo eles, essa posição metafísica conciliatória
cria uma série de problemas filosóficos. Embora atraente, ela força a
coexistência incompatível do natural com o sobrenatural. Como a natureza pode
ser tanto natural quanto sobrenatural?
Por definição, chamar um evento que ocorre e é
percebido por alguém como sendo um "fenômeno sobrenatural" cria uma
inconsistência básica: para que o fenômeno tenha sido observado, teve que
emitir algum tipo de radiação eletromagnética (luz visível, radiação infravermelha
etc.), que foi detectada por algum observador ou aparelho –"Eu vi um
fantasma!".
Em outras palavras, para que um fenômeno seja
detectado, tem que trocar energia com quem (ou com o que) o observa. Um
fenômeno chamado de sobrenatural, uma vez observado, passa a ser perfeitamente
natural, mesmo se misterioso ou aparentemente inexplicável. Um fantasma que é
visto não é mais uma entidade sobrenatural.
Alguns adotam a posição que o biólogo americano
Stephen Jay Gould (1941-2002) chamou de Noma (do inglês "Non-overlapping
magisteria", magistrados que não se superpõem) e compartimentam a ciência
e a religião em esferas limitadas de influência, afirmando algo como "a
religião começa onde a ciência termina".
Apesar de cômoda, essa posição não vai muito longe.
À medida que a ciência avança, a fronteira entre os
dois magistrados vai migrando, refletindo a posição conhecida como "Deus
dos Vãos", a religião tapando os buracos da nossa ignorância científica.
Por outro lado, afirmar categoricamente que o sobrenatural
tem uma existência intangível e imensurável posiciona sua natureza além do
discurso científico, anulando qualquer possibilidade de troca construtiva de
ideias.
O fato é que a ciência e a religião claramente se
superpõem na cabeça das pessoas, nas escolhas que fazemos na vida, nos desafios
morais que a sociedade moderna enfrenta. É por demais ingênuo negar o poder da
religião no mundo, com bilhões de pessoas declarando-se seguidores de algum
tipo de fé, mesmo que muitos deles definam sua fé de forma vaga.
Além disso, a posição dos ateus radicais também é
inconsistente com os parâmetros do método científico, algo que talvez
surpreenda muita gente. Basta ver que o ateísmo é a crença na não crença, já
que a possibilidade da existência de qualquer tipo de divindade é negada
categoricamente. Ora, a ciência não pode negar a existência de algo
categoricamente, apenas após observações absolutamente conclusivas. E como
podemos ter certeza do que ainda não medimos?
AGNÓSTICO
A posição mais consistente com o método científico
é a do agnóstico, como haviam já percebido Thomas Huxley e Bertrand Russell,
entre muitos outros: não vejo qualquer razão para crer, mas, com base no que
sei não posso negar absolutamente a possibilidade de que alguma entidade divina
exista. Como escreveu Huxley, criador do termo "agnóstico": "É
errôneo afirmar que se tem certeza da verdade objetiva de uma proposição, a
menos que seja fornecida evidência que justifique logicamente esta
certeza".
Em vista da diversidade de posições, a questão
essencial é a origem dessa necessidade de acreditar que identificamos na
maioria absoluta das culturas do passado e do presente. O que a crença oferece
que é tão necessário a tantos?
Pertencer a um grupo religioso confere um senso de
comunidade imediato. Ao encontrar outros membros de sua comunidade na igreja ou
templo, a pessoa vê sua crença justificada, dado que é compartilhada por tantos
outros. Mais do que a crença em si, a pessoa se vê integrada num grupo com
valores afins.
Isso é tanto verdade para as pessoas de fé quanto
para aquelas seculares, sejam elas ateias ou agnósticas. Seres humanos são
criaturas tribais, e tribos definem-se a partir de certos símbolos, mitos ou
código moral.
Não há dúvida de que nossos ancestrais entenderam
que existe uma enorme vantagem em pertencer a um grupo. Fazer parte de uma
tribo oferecia uma proteção que aumentava as chances de sobrevivência num
ambiente extremamente hostil: unidos venceremos. Tanto no passado quanto no
presente, fazer parte duma tribo confere legitimidade social imediata.
Para muita gente, a fé pode ser a justificativa
oferecida para participar de um grupo religioso, mas é o senso de comunidade,
de valores compartilhados pelo grupo, o que está por trás da devoção.
Existe, no entanto, um outro aspecto da fé, bem
mais subjetivo do que tribal. Como descreveu o psicólogo americano William
James em sua obra-prima "As Variedades da Experiência Religiosa", a
experiência religiosa atinge seu clímax na subjetividade da experiência individual,
na comunhão da pessoa com o desconhecido, na percepção de transcendência dos
limites da existência humana, delineada pelas barreiras do espaço e do tempo.
As visões e revelações dos profetas e dos santos, a
experiência emocional do divino ocorre no indivíduo, mesmo quando induzida pelo
grupo – por exemplo, através de rituais. Existe muito mais no mundo do que o
que percebemos ou podemos medir, e essas características "ocultas"
são igualmente importantes na nossa construção do que definimos como realidade.
Como escreveu James, "toda a sua vida
subconsciente, seus impulsos, suas crenças, suas necessidades são a premissa da
sua existência consciente; existe algo dentro de você que sabe de forma
absoluta que o resultado disso tudo deve ser mais verdadeiro do que qualquer
tipo de argumento lógico, por mais articulado que seja, que tente contradizer
essas convicções subconscientes".
Mesmo que o filósofo George Santayana (1863-1952) e
outros tenham criticado James por "encorajar a superstição", ninguém
pode negar que a razão tem alcance limitado. A ciência, se vista como expressão
da razão humana, espalha-se por todos os cantos do conhecimento de forma
magnífica, mas seu alcance não é ilimitado.
Existe outra dimensão da fé, separada dos rituais
tribais, da religião organizada, que dá expressão a uma necessidade primária
que temos de comunhão com o desconhecido. Esse é o aspecto mais universal da
necessidade humana de crer, que transcende as divisões arbitrárias da fé
criadas no decorrer da história; as religiões, as tradições, os cultos, as
tribos e suas regras. Não existe aqui qualquer menção a uma supersticiosidade
irracional ou mística. O que identificamos é a necessidade individual da
crença, expressa por cada um de forma variada.
Quando Einstein menciona sua "emoção religiosa
cósmica" para descrever sua conexão espiritual com a natureza, está
tentando expressar precisamente essa atração humana pelo mistério, pelo
desconhecido. "Espiritual" não implica a crença numa dimensão não
material.
O que pode surpreender a muitos – especialmente aos
que veem cientistas através do estereótipo do racionalista frio– é que essa
atração pelo mistério, em essência uma atração espiritual pela natureza,
inspire o cientista em seu trabalho. Não é Deus que se busca no questionamento
científico, mas a transcendência do humano, a busca por uma dimensão além do
cotidiano que dá sentido à nossa busca por sentido.
Mesmo o cientista secular quando estende sua
curiosidade ao oceano do desconhecido está praticando essa crença, expressando
a necessidade que temos de conhecer nossa história e de explorar o novo,
estendendo nossa visão da realidade.
MARCELO GLEISER, 56, é professor titular de física,
astronomia e filosofia natural no Dartmouth College, nos EUA. Seu livro mais
recente é "A Ilha do Conhecimento" (Record).
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