LOBO E CORDEIRO – AS TRÊS
MÁFIAS
São três versões da
fábula: a Religiosa, a Ideológica e a dos poderes escravocratas Feudais. Todas
as três estão unidas sob a aliança escravocrata que transforma o mundo numa
imensa senzala.
Primeira versão
A mãe do cordeirinho
conta a ele – Era uma vez...
-Já sei, mamãe! O
cordeirinho inexperiente foi devorado pelo Lobo mau na beira do córrego...
-E isso, meu filho!
Quando estiver bebendo água na beira do córrego que é maravilhoso e a água
límpida é para todos... Se o Lobo mau se aproximar, não adianta argumentar. Ele
é o demônio de nossa espécie animal. Fuja e não será devorado.
- Eu sei. É bem
diferente do nosso Pastor que nos leva a verdes prados, águas maravilhosas, e
nos defende dos crocodilos e dos Lobos maus.
A história prosseguiu e
o cordeirinho cresceu como um quitute cada dia mais apetitoso, sem ser destruído
pelo Lobo.
Até que o Escravocrata
veio cobrar o sangue do escravo e fez um lindo assado de tudo que o cordeirinho
tinha armazenado em suas carnes.
Segunda versão – A mãe
do Lobinho conta pra ele – Era uma vez...
- Já sei, mamãe! O Lobinho
inexperiente foi beber água no córrego de águas maravilhosas e límpidas que
existem para todos, inclusive para os cordeirinhos, nosso quitute mais
delicioso. Apareceu um cordeirinho abaixo do lobinho inexperiente e quando este
perguntou – por que sujas a água que eu bebo? O cordeirinho inteligente se
defendeu explicando – como pode ser isso, se estou abaixo? E o Lobinho se foi
sem seu almoço!
- Então já sabe a lição,
né? Devemos devorar sem discutir, pois se assim não fizermos, vamos estar sem
forças pra enfrentar o inverno onde nada se encontra pra viver.
O Lobinho se foi pela
mata, devorou os cordeirinhos, cresceu forte e atrevido. Até que um dia um
caçador mais forte lhe deu um tiro certeiro e levou sua pele para fazer a
sacola de caça e a cinta de couro pra pendurar as armas.
Terceira versão – o pai
adepto da lei de Gerson, conta a seu filhinho: - Era uma vez...
- Já sei, papai! O
cordeirinho foi beber água no riacho e o Lobo mau que estava acima o acusou de
estar sujando a água que ele bebia e houve duas possíveis finais – ou o
cordeirinho explica que não podia sujar a água que o lobo bebia porque estava
abaixo, e vai embora sem o Lobo o devorar, mas um dia será devorado pelo seu
criador; ou então o Lobo que é mais forte não aceita explicações e devora o
cordeirinho...
- É isso, meu filho! Temos
que levar vantagem em tudo! Devore o cordeirinho quando estiver bem forte e
assim vamos escravizando cordeiros, lobos, a floresta e os caçadores que caírem
nas nossas mãos.
O menino cresceu comendo
carnes de cordeiros, matando lobos, escravizando ou matando caçadores para
dominar os rios, as matas, as terras, as riquezas.
Um dia chegou à beira de
um córrego que antigamente era de águas límpidas e assistia a discussão de
lobos e cordeiros. Tentou beber e era água suja como esgoto... Gritou - Quem
sujou a água que eu bebo?
O eco respondeu, ecoando
pelos vales desertos, refletido pelas pedras nuas das pedreiras das mineradoras
... Quem sujou?... Quem sujou?... Quem sujou?...
E nem o eco responde.
Mandou os fiscais cobrar
trilhões das mineradoras como multa pela represa que espalhou por centenas de
quilômetros os resíduos tóxicos..
Olhou de novo para as
águas sujas e só viu seu rosto refletido no espelho acusador...
Ainda bem que ele viu e
resolveu mudar tudo, porque iria ganhar muito mais se fizesse das terras, dos
rios, dos cordeiros, dos lobos e dos homens um Condomínio de elementos
responsáveis, sem escravagismos odiosos e de eterna vingança entre todos. E
assim os homens viveram milênios de prosperidade e paz desse dia em diante.
Ou não? Tudo continuou
arrastando as correntes dos escravos para dentro de senzalas e grades nojentas,
com novas leis de impostos e multas e ilusões eletrônicas mudando as mentes dos
escravos, abatendo os que reagem com as balas e venenos não identificados,
pagas aos capitães de mato e capatazes engravatados, eleitos por urnas
falsificadas, dinheiros roubados, e pelegos pensando que a lei de Gérson é a
única lei do mundo.
E aí amanhã não haverá
nem rios sujos refletindo o rosto dos criminosos, nem vales desertos para ecoar
nas pedras nuas o grito de “Quem sujou?”...
Aliás, nem haverá rosto
para refletir na sujeira, nem voz na garganta de mortos vivos, para o eco
refletir algo em pedras nuas.
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