Eu já
sabia desde 1957 informado pelo físico Mario Schenberg. O conselho dele foi não
ir fazer os estudos em instituições públicas ou privadas. Além de dificultar
acesso a patrocínios, se der certo será tomado como sendo da Instituição, e se
demorar pra haver resultados, você fica impedido pra qualquer novo estudo. O
GRUPO DE ESTUDOS QUE NASCEU DESSE CONSELHO PEDE QUE EU COMENTE ESTA NOTICIA.
O desmonte da
ciência brasileira - 8 ABR 2019 06h41
Anos de cortes
no Ministério da Ciência e Tecnologia atingem em cheio pesquisas em todas as
áreas e já afetam parcerias com agências europeias. Governo Bolsonaro acelera
processo com redução drástica no orçamento. A ciência brasileira se encontra
num momento crítico. O último corte de recursos anunciado pelo governo de Jair
Bolsonaro agravou drasticamente uma situação que, há anos, já era tida como
crítica. A medida mais recente atingiu em cheio o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), subordinada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Cientistas desenvolvem pesquisa sobre o zika
em laboratório da Fiocruz: saúde é uma das áreas ameaçadas
O
contingenciamento de 42,27% das despesas do MCTIC coloca em risco o
financiamento de cerca de 11 mil projetos e 80 mil bolsas financiadas pela
principal agência de fomento à pesquisa do país.
"Nunca vi
cortes da magnitude dos que foram decretados recentemente. São cortes
extremamente pesados e, se não forem revertidos, destruirão a ciência
brasileira. Esses cortes representam um ataque sério ao desenvolvimento e à
própria soberania nacional", afirmou Luiz Davidovich, presidente da Academia
Brasileira de Ciências.
A avaliação de
especialistas do setor é de que pesquisas em todas as áreas, inclusive de
humanas, estão em risco. As primeiras afetadas são as dependentes de
laboratórios, que já estão ficando sem manutenção, sem materiais e com uma
infraestrutura defasada.
Os cortes também
prejudicam cooperações internacionais e são observados com atenção na Europa.
Segundo a diretora do escritório regional do Serviço Alemão de Intercâmbio
Acadêmico (DAAD) no Brasil, Martina Schulze, no ano passado, em programas
conjuntos da agência alemã com instituições brasileiras, não foi possível
conceder bolsas de doutorado na Alemanha pelo CNPq, pois não havia garantias de
que elas seriam pagas.
"A
incerteza quanto às possibilidades de financiamento para as instituições de
ensino superior brasileiras e a pesquisa no país provocou um comedimento das
universidades alemãs, que ainda persiste. O DAAD pode notar isso devido ao
menor fluxo de recursos para o trabalho conjunto no ensino superior e na pesquisa
com o Brasil", diz Schulze.
De acordo com a
diretora da agência alemã, em 2016, o DAAD destinou cerca de 11 milhões de
euros para bolsas e projetos com parceiros brasileiros. Em 2018, esse valor foi
de apenas 8,7 milhões de euros.
Esse cenário,
descrito por pessoas da área como trágico, não surgiu de uma hora para outra,
mas é fruto de uma série de cortes que está em curso há algum tempo.
Processo
contínuo de cortes
Há cerca de 20
anos, as ciências no Brasil viviam tempos áureos. A partir dos anos 2000, mais
recursos já começavam a ser investidos no setor, conta Ildeu de Castro Moreira,
presidente da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC). Mas foi durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de
2006, que o MCTIC viveu um período de real prosperidade, com o aumento
progressivo nas verbas destinadas à pasta. Em 2010, os investimentos no
ministério atingiram o ápice, chegando a aproximadamente 8,6 bilhões de reais
(em valores atualizados, quase 10 bilhões de reais).
Marca semelhante
foi alcançada em 2103. Na época, a cultura de investimentos em ciência parecia
estar se consolidando. Porém, a partir de 2014, teve início a crise que se
estende até os dias de hoje. O orçamento da pasta passou a sofrer cortes
constantes durante os anos seguintes do último governo Dilma Rousseff.
Sob Michel
Temer, o Ministério da Ciência e Tecnologia incorporou o das Comunicações e
sofreu um contingenciamento de 44% das despensas previstas para 2017. Naquele
ano, foram investidos apenas 3,77 bilhões de reais, o menor orçamento dos
últimos 12 anos.
O impacto foi
tanto que levou entidades de pesquisa a se articularem no movimento
"Conhecimento sem cortes", que denunciou a morte lenta da ciência no
país devido à redução constante dos investimentos. No início de 2018, a
situação parecia um pouco melhor com o anúncio de um investimento de 4,7
bilhões na pasta, porém, houve novamente cortes, o que chegou a atrasar o
pagamentos de bolsas em dezembro do ano passado. Esse atraso levou o CNPq a
entrar em 2019 com um rombo de 300 milhões de reais no orçamento.
Para este ano, o
Congresso havia aprovado um orçamento de 5,1 bilhões de reais para o MCTIC,
porém, há cerca de uma semana, o governo decretou o contingenciamento de 42%
das despesas da pasta, reduzindo para cerca de 2,9 bilhões de reais os recursos
disponíveis para o ministério.
O presidente do
CNPq, João Luiz Filgueiras, afirmou ao portal G1 que a agência deve ter verbas
para pagar bolsistas apenas até setembro deste ano. A previsão, porém, ainda
não incluía o novo corte. Especialistas estimam que esse valor cubra os
pagamentos somente até julho.
Desde 2016, os
repasses para o pagamento de bolsas concedidas pelo CNPq vem caindo, passando
de pouco mais de 1,1 bilhão para 784,7 mil reais neste ano. Metade dos 80 mil
bolsistas da agência fazem iniciação científica e recebem apenas entre 100 e
400 reais por mês.
Além de correrem
o risco de ficarem sem receber, os mestrandos e doutorandos possuem ainda
bolsas com valores muito baixos, defasados pela inflação. Os valores de 1,5 mil
reais mensais para mestrado e 2,2 mil reais mensais para doutorado não são
reajustados desde 2013.
Pesquisas de
saúde em risco
Entidades
ligadas à ciência também afirmam que os cortes anunciados pelo governo
Bolsonaro atingem o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
que financia a infraestrutura de instituições científicas. O fundo teve 80% de
seus recursos contingenciados.
"Está
ocorrendo um desmonte do sistema nacional de ciência e tecnologia, colocando em
risco grupos de pesquisa constituídos nos últimos anos. O atual corte pode
afetar grandes projetos como o Sirius e o Laboratório Nacional de Luz
Síncotron, que o Brasil construiu a duras penas, ou o Laboratório de Ciência e
Computação (LCC), que podem não ter condições de operar sem manutenção",
afirma Moreira, da SBPC.
O físico diz
que, no futuro, o país pode ter dificuldades também para desenvolver pesquisas
essenciais na área de saúde. Segundo ele, o Brasil só foi pioneiro nos estudos
sobre o zika porque na época havia condições para a realização de pesquisas.
Cientistas brasileiros foram os primeiros a descobrir a conexão entre o vírus e
os casos de microcefalia.
Com a falta de
manutenção de laboratórios, que se deterioram com o tempo, a redução dos
investimentos também representa uma perda dos recursos já aplicados no setor.
Além disso, impulsiona a fuga de cérebros, com pesquisadores deixando o Brasil
para realizar seus trabalhos em países que ofereçam melhores condições.
"Atualmente,
o protagonismo das nações está baseado muito mais no poder do conhecimento do
que no das armas. A pergunta é o que vai acontecer no Brasil num mundo que
valoriza cada vez mais o conhecimento. A resposta é óbvia: o país vai se
atrasar cada vez mais em relação a outros países", afirma Davidovich.
O Brasil investe
menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na área de ciência, tecnologia e
inovação. Em alguns países europeus, o percentual gira em torno de 3%, e nos Estados
Unidos, é de cerca de 2%.
A Deutsche Welle
é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30
idiomas.
COMENTÁRIO
- O BRASIL é o maior país do mundo em abrangência terra e mar aproveitável. E
tem o maior número de estudiosos versáteis de origens as mais diversas.
Conforme o grupo me envia matérias científicas que venho comentando neste BLOG,
vemos que esse bloqueio do conhecimento é planetário. No Brasil há uma preguiça
para leitura tremenda. É induzida desde os campos tenebrosos das sombras.
Entretanto, é neste país que temos todas as condições para começar o verdadeiro
governo mundial – precisa ser governo das mamães, ter a língua mais extensa e
ativadora mental, e poder organizar rendas crescentes para todos coexistindo
com ensino e ética.
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