É ABSURDO VER VITÓRIA DE TRUMP COMO
RETROCESSO, DIZ MANGABEIRA UNGER
COMENTANDO - ROBERTO M.
UNGER ESTÁ IGNORANDO PROPOSITALMENTE OU É QUE DESCONHECE MESMO A HISTÓRIA DA
AMERICA? É DEVER DE TODO SER HUMANO TOMAR CONHECIMENTO DE QUE AINDA NÃO SAIMOS
DA ERA DAS CAVERNAS MANTENDO O SISTEMA ESCRAVOCRATA EM VIGOR. UNGER DEVERIA
SABER QUE HOUVE UMA REVOLUÇÃO BURGUESA CONTRA A SERVIDÃO FEUDAL E QUE OS
MEDIEVAIS ESCRAVOCRATAS PAGAM AOS UNGERILHOS PRA QUE AJUDEM A SEGURAR TODA A
ESPECIE HUMANA NA SENZALA UNIVERSAL COM TODA A IGNORÂNCIA INTOCÁVEL.
Por isso continua usando a
linguagem ESTATIZANTE MEDIEVAL ESCRAVAGISTA de “esquerda” E DIREITA, trabalhadores, projetos governamentais, social-democracia,
representação, minorias e maiorias... As palavras parecem novas, mas o
significado escravocrata continua o mesmo. E não ataca o problema único que é
extinguir as máfias escravocratas, para chegar a um condomínio de gente
informada e livre para prosperar com responsabilidade e sem haver donos do
cidadão.
Perdoemos aos inhorantes...
mas eis a credencial que apresentam na reportagem: “Mangabeira Unger já deu
aulas para Barack Obama em Harvard, além de ter sido ministro de Dilma e Lula”....KKKKKKKKKKKK (ou o professor, ou os alunos, ou os dois... devem ter uma competência de kapatazes de senzala, né?)
BBC BRASIL.com
14 NOV 2016 14h11 atualizado às 14h33
Os brasileiros não têm por que achar a
eleição de Donald Trump "incompreensível" - e considerá-la um
retrocesso é "absurdo".
Brasil também tem maioria trabalhadora
"abandonada", diz Mangabeira Unger
Brasil também tem maioria trabalhadora
"abandonada", diz Mangabeira Unger
Essas opiniões, proferidas pelo
filósofo e teórico Roberto Mangabeira Unger, fogem do tom catastrófico com
frequência usado para discutir o triunfo do republicano, eleito presidente dos
EUA na semana passada.
Em entrevista à BBC Brasil, Unger, que
é professor da Universidade Harvard e foi ministro de Lula e Dilma, disse que a
surpresa brasileira é injustificada, pois vivemos um vazio na política
semelhante ao dos Estados Unidos. Além disso, também teríamos uma maioria
trabalhadora abandonada pela esquerda.
"O Brasil é o país do mundo mais
parecido com os Estados Unidos. A tragédia dos dois é negar instrumentos e
oportunidades à maioria, que é cheia de energia, mas sem condições de
transformá-la em ação fecunda."
Apesar dos paralelos, o professor, que
deu aula para o atual presidente americano, Barack Obama, não faz previsões
sobre o surgimento de um "aventureiro" como Donald Trump na disputa
brasileira de 2018.
Ele apoia uma possível candidatura do
ex-ministro Ciro Gomes (PDT) que, espera, seja um outro tipo de outsider - um
rebelde contrário à linha dominante que traga um novo rumo para o país.
Para Unger, após a derrocada do
nacional-consumismo dos governos petistas, o Brasil está sem um projeto.
Leia abaixo os principais trechos da
entrevista.
BBC Brasil - Grande parte da imprensa
internacional e dos intelectuais descreve a vitória de Trump como um
retrocesso. O senhor concorda?
Roberto Mangabeira Unger - Isso é
absurdo. Muito disso vem da Europa, que está agora afundada em um completo
retrocesso. Eles, que abandonaram qualquer tentativa de construir (uma opção
viável), estão chamando isso de retrocesso?
BBC Brasil - Se não é retrocesso, como
encarar a vitória do republicano?
Mangabeira - Em resumo, a eleição de
Trump é a rebeldia da maioria trabalhadora branca do país contra seu abandono.
Aí a crítica é: Trump não é uma resposta adequada.
Mas em política tudo tem a ver com as
alternativas. Então, o que é melhor? Continuar com essa ortodoxia conservadora
do Partido Democrata ou virar a mesa? Essas são as alternativas reais da
política real.
A partir dessa reviravolta em
Washington, os americanos devem buscar uma resposta mais adequada e séria para
o problema que a eleição de Trump revela.
Para Mangabeira, eleição de Trump reflete
rebeldia da maioria trabalhadora branca do país contra seu abandono.
Para Mangabeira, eleição de Trump
reflete rebeldia da maioria trabalhadora branca do país contra seu abandono.
BBC Brasil - Que elementos explicam
sua eleição? Que problemas ela revela?
Mangabeira - A base essencial da
eleição de Trump foi o grande vazio criado na política americana, há meio
século, pelo abandono dos interesses da maioria trabalhadora branca do país.
O Partido Democrata substituiu o
projeto do New Deal (série de programas implementados entre 1933 e 1937 pelo
democrata Franklin Roosevelt para reformar a economia americana) por concessões
aos interesses das minorias e pela representação da visão de mundo da classe
que mora nos subúrbios ricos.
Diante disso, o Partido Republicano
construiu uma fórmula exitosa. Ele fez concessões materiais para a classe
endinheirada, como baixar os impostos, e concessões às preocupações morais da
maioria pobre em temas como, por exemplo, o aborto.
Portanto, criou-se um grande vazio na
política americana, que pedia um outsider.
BBC Brasil - Apoiadores de Trump
argumentam que muitos americanos não se sentem representados pelos partidos
Democrata e Republicano. O resultado também tem a ver com a falta de
representatividade da política tradicional?
Mangabeira - Não é questão de se
sentir ou não se sentir representado, é a verdade dos fatos.
O projeto que estava no poder não
atendia aos interesses da maioria trabalhadora e lhes dava como compensação que
pelo menos ela não seria ofendida em suas convicções morais e religiosas.
Era algo como "vamos
abandoná-los, mas evitaremos que suas crenças sejam excessivamente
ofendidas".
Em algum momento, isso deixou de ser
suficiente e criou a oportunidade que um aventureiro aproveitou. Se não fosse
Trump, seria outro.
Havia, e há, uma base frágil na
política americana, porque a maioria está abandonada em seus interesses.
Homenagear negros, mulheres e latinos é muito bom, mas não substitui o problema
essencial, que é a falta de oportunidades e capacitações para a maioria do
país.
BBC Brasil - Em meio a uma crise
política e econômica, esse vazio também está presente no Brasil?
Mangabeira - É uma situação análoga à
do Brasil. Os brasileiros não têm razão para considerar esse acontecimento tão
absurdo e incompreensível. O Brasil é o país do mundo mais parecido com os
Estados Unidos.
Como eles, nosso atributo mais
importante é a vitalidade, hoje encarnada numa pequena burguesia empreendedora
e numa massa de trabalhadores pobres que vêm atrás dela.
A tragédia dos dois (países) é negar oportunidades
à maioria, que é cheia de energia, mas sem condições de transformá-la em ação
fecunda.
Na nossa realidade, o formato desse
enigma foi ter confiado num projeto baseado na massificação do consumo e na
produção e exportação de commodities. Enquanto a mineração e a pecuária pagavam
as contas, funcionou. Quando deixaram de pagar, ruiu.
Na discussão brasileira, os dois
substitutos são as agendas (anticorrupção) da Polícia Federal e do conserto das
contas públicas. É isso que serve de substituto para um projeto nacional que
não existe. Também há um grande vazio na política brasileira, embora com outra
feição e origens. Mas o resultado é semelhante.
Mangabeira diz que se considera um homem de
esquerda, mas, se fosse inglês, teria votado pelo Brexit
Mangabeira diz que se considera um
homem de esquerda, mas, se fosse inglês, teria votado pelo Brexit
BBC Brasil - O Brasil pode esperar um
"aventureiro" como Trump nas eleições de 2018?
Mangabeira - Vamos ter dois projetos
(de candidatura). Um (situacionista), que diz que é só disciplinar o gasto
público, ter a gestão empresarial do Estado, mas que não vai resolver o
problema.
Temos que ter outro projeto, que
proponha um novo rumo para o país. Apoio a candidatura de Ciro Gomes e vou
trabalhar para desenvolver o conteúdo desse projeto alternativo.
BBC Brasil - Que tipo de projeto
precisaríamos ter?
Mangabeira - Não pode ser a
continuação do nacional-consumismo. Tem que ser um projeto focado nos interesses
da produção e do trabalho.
Temos que ter um projeto de
qualificação da nossa produção e dos trabalhadores na agricultura, serviços e
indústria. Isso exige uma relação colaborativa entre governo e empresas, sobretudo
as pequenas e médias.
BBC Brasil - Se, em 2018, uma
candidatura oferecer esse projeto, podemos descartar um outsider ?
Mangabeira - Outsider pode significar
um aventureiro, que busca se aproveitar da circunstância. Mas também pode
significar alguém que é um rebelde contra a linha dominante.
Nesse segundo sentido, quero que a
candidatura de Ciro Gomes seja a de um outsider .
Quanto mais tivermos outsiders no
segundo sentido, menor a chance de termos outsiders no primeiro. O outsider
aventureiro surge e prospera na medida em que não existe o rebelde.
Se você me pedir para fazer apostas se
vai haver um outsider ruim ou não, não me interesso. Fazer previsões é um
pecado.
BBC Brasil - Se Brasil e Estados
Unidos estão em situações análogas, que tipo de diálogo pode haver entre eles?
Mangabeira - Especificamente na
relação com os Estados Unidos, temos uma grande oportunidade agora.
Hoje temos uma dependência completa
dos Estados Unidos em matéria de defesa e de segurança. O Brasil é
objetivamente um protetorado dos americanos.
O grupo dominante no Partido Democrata
aderia à doutrina do imperialismo liberal, tinha uma visão fixa da América
Latina, na qual o nosso papel era ser uma linha auxiliar dos Estados Unidos em
tudo, inclusive na defesa.
Já Trump volta-se para os problemas
internos. Com relação à América Latina, fora a problemática migratória, ele não
tem posição fixa. Portanto, há um grande espaço.
Há um tensionamento com o México e
temos interesse em vê-lo superado. Mas, ao analisar com frieza, devemos
compreender que a tendência será buscar compensação em outro lugar da América
Latina. E o lugar natural é o Brasil.
BBC Brasil - Após a eleição americana,
traçam-se paralelos entre a vitória de Trump, o Brexit e ascensão de partidos
anti-imigração na Europa, como se houvesse uma reação conservadora e xenófoba a
nível global. O senhor concorda com essa análise?
Mangabeira - Estão confundindo duas
coisas. Existe uma reação contra os imigrantes na Europa, é verdade. E existe
porque a União Europeia, de forma análoga ao que aconteceu nos Estados Unidos,
tomou uma direção contrária aos interesses da maioria trabalhadora.
Eu não confundiria isso com Brexit. Se
fosse inglês, teria votado pelo Brexit. E me considero um homem de esquerda.
Mangabeira Unger já deu aulas para Barack
Obama em Harvard, além de ter sido ministro de Dilma e Lula
Mangabeira Unger já deu aulas para
Barack Obama em Harvard, além de ter sido ministro de Dilma e Lula
BBC Brasil - Por que as eleições americanas
e o Brexit não dialogam?
Mangabeira - Pode haver uma intersecção,
mas são coisas diferentes. Na União Europeia, as regras determinantes da ordem
econômica e social são cada vez mais concentradas no centro. No centro formal,
que é Bruxelas, e no centro real, que é Berlim. E o poder de definir os
direitos sociais dos cidadãos é delegado às autoridades nacionais.
Deveria ser o oposto. A UE deveria ser
assegurar mínimos sociais e educacionais em toda a Europa, e permitir que
países como Portugal ou Grécia pudessem desenvolver novas estratégias
econômicas.
Do jeito como é hoje, a Europa virou
uma camisa de força. É natural que se rebelem os países, inclusive a
Inglaterra. O Brexit não precisa ser compreendido apenas do ponto de vista de
uma reação nativista. Ele tem outra justificativa.
Já o nativismo dentro da Europa prospera
porque a social-democracia conservadora abandonou as maiorias de seus
respectivos países, confundindo a representação da maioria com a representação
daquilo que os marxistas chamam de aristocracia operária, as pequenas minorias
organizadas. Isso sim é semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos.
BBC Brasil - Também é parecido ao que
acontece no Brasil?
Mangabeira - Temos no Brasil 40% da
população brasileira na economia informal. Na economia formal, uma parte
crescente dos trabalhadores está em situação de trabalho precarizado. Se você
somar os informais e os precarizados, é a maioria da força de trabalho do país.
Quem os representa? Qual é o projeto para organizar, proteger e qualificar essa
maioria?
A esquerda tradicional não faz isso.
Ela faz parte do corporativismo das minorias organizadas, que comandam o país.
Se você me disser que o outsider é
aquele que se rebela contra esse corporativismo, quero esse outsider .
BBC Brasil - Podemos dizer, então, que
nos EUA, na Europa e no Brasil as maiorias trabalhadoras se sentem abandonadas
pela esquerda?
Mangabeira - Não há esquerda na
Europa. O que há é a social-democracia conservadora, que abandonou qualquer
tentativa de reinventar o Estado ou a economia, e se satisfaz em atenuar as
desigualdades com programas sociais.
Não quero ver o Brasil repetir o erro
trágico da esquerda europeia, de demonizar a pequena burguesia que, em seguida,
virou o sustentáculo dos movimentos de direita. Isso não aconteceu agora, mas
ao longo do século 20.
Há mais pequenos burgueses do que há
proletários industriais. E a população tem aspirações que começam por serem
burguesas: um pequeno negócio, uma casa, uma modesta prosperidade. Temos que
vir ao encontro dessas aspirações e oferecer opções que possam torná-las mais
generosas.
COMENTÁRIO - se ele tivesse lido a História do navio May Flower, ou o capítulo da "Merdadoria" em DAS KAPITAL de Karl Marx, saberia o que significa a revolução burguesa. Diz Marx, e escapou da tesoura do feudal Friedrich Engels: "a única revolução verdadeira foi a fuga dos servos medievais para os burgos e essa revolução tem vocação universal, só devendo parar quando tiver atingido a Terra toda".
COMENTÁRIO - se ele tivesse lido a História do navio May Flower, ou o capítulo da "Merdadoria" em DAS KAPITAL de Karl Marx, saberia o que significa a revolução burguesa. Diz Marx, e escapou da tesoura do feudal Friedrich Engels: "a única revolução verdadeira foi a fuga dos servos medievais para os burgos e essa revolução tem vocação universal, só devendo parar quando tiver atingido a Terra toda".
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