OS COLEGAS DO GRUPO DE ESTUDOS ME MANDARAM
ESTE ARTIGO COM UMA PERGUNTA QUE PEGA PELO PESCOÇO:
Então como explicar que todos morrem, inclusive Einstein, todos de modo inteiramente ao acaso – alguma força está jogando dados, logo com a nossa vida!
Então como explicar que todos morrem, inclusive Einstein, todos de modo inteiramente ao acaso – alguma força está jogando dados, logo com a nossa vida!
O COLEGA PERGUNTA: POR QUE MOTIVO ESTUDAR É
PRECISO E VIVER E MORRER É IMPRECISO?
O que Einstein quis dizer com “Deus não joga dados”?
Por Jéssica Maes, em 28.12.2018
QUEM QUISER LER:
ALGUNS TRECHOS
Albert Einstein é, sem dúvida, o cientista mais
popular da história. Prova disso é que tudo que ele disse – em qualquer meio,
dentro ou fora do mundo da física – repercute até hoje. Por exemplo: em
dezembro de 1926, Einstein escreveu uma carta em resposta ao físico alemão Max
Born, um dos pioneiros da mecânica quântica. Falando sobre as peculiaridades
desta nova física, Einstein diz em um trecho da carta: “A teoria produz muito,
mas dificilmente nos aproxima do segredo do Antigo. Estou convencido de que Ele
não joga dados”.
Esta expressão, Deus não joga dados, ficou quase tão
famosa pelos anos seguintes quanto sua fórmula mais popular, o universal E =
mc2. Mas o que ele quis dizer com isso? O que Einstein entendia por Deus?O
físico escreveu algumas cartas em que demonstra seu pensamento em relação a
Deus e às religiões. Tentando ir mais a fundo nessa questão, o premiado
escritor britânico Jim Baggott, autor de livros de ciência popular, escreveu um
texto no portal Aeon a respeito do tema. Baggott faz uma viagem pela história,
o trabalho e as influências do físico para tentar entender como era a relação
dele com a religião – ou com a espiritualidade – e como ele fazia a conexão
entre Deus e a física quântica. Para Baggott. o Deus de Einstein era “impessoal
e sutil”, mas o físico só chegou a essa compreensão depois de abraçar a
religião na infância.
“Apesar do secularismo de seus pais, Albert, de nove
anos de idade, descobriu e abraçou o judaísmo com considerável paixão, e por um
tempo ele foi um judeu obediente. Seguindo o costume judaico, seus pais
convidaram um pobre estudioso para compartilhar uma refeição com eles a cada
semana, e com o empobrecido estudante de medicina Max Talmud (mais tarde
Talmey), o jovem e impressionável Einstein aprendeu sobre matemática e ciência”,
contextualiza Baggott.
“Ele consumiu todos os 21 volumes dos alegres livros
populares sobre ciência natural de Aaron Bernstein (1880). Talmud então o
conduziu na direção da Crítica da razão pura de Immanuel Kant (1781), da qual
ele migrou para a filosofia de David Hume. De Hume, tratava-se de um passo
relativamente curto para o físico austríaco Ernst Mach, cujo tipo de filosofia
fortemente empirista e virtuoso exigia uma rejeição completa da metafísica,
incluindo noções de espaço e tempo absolutos e a existência de átomos”.
Esse acúmulo de conhecimento intelectual, porém, não
demorou a gerar um conflito entre a ciência e a religião para o jovem Einstein.
“Com 12 anos de idade, Einstein se rebelou. Ele desenvolveu uma profunda
aversão ao dogma da religião organizada que duraria toda a sua vida, uma
aversão que se estendia a todas as formas de autoritarismo, incluindo qualquer
tipo de ateísmo dogmático. Essa dieta juvenil e pesada de filosofia empirista
serviria bem a Einstein 14 anos depois. A rejeição de Mach ao espaço e ao tempo
absolutos ajudou a moldar a teoria da relatividade especial de Einstein
(incluindo a icônica equação E = mc2), que ele formulou em 1905 enquanto
trabalhava como “especialista técnico, terceira classe” no Escritório de
Patentes da Suíça”, lembra o escritor.
A jornada filosófica de Einstein só estava começando.
“Dez anos depois, Einstein completaria a transformação de nossa compreensão do
espaço e do tempo com a formulação de sua teoria geral da relatividade, na qual
a força da gravidade é substituída pelo espaço-tempo curvo. Mas, à medida que
ficou mais velho (e mais sábio), ele passou a rejeitar o empirismo agressivo de
Mach e declarou que ‘Mach era tão bom em mecânica quanto infeliz em
filosofia’”, afirma Baggott.
O escritor conta que, a partir de então, Einstein
passou a ter uma posição mais realista, defendendo uma realidade física
objetiva. Mas, embora não quisesse mais saber da religião, a crença em Deus que
ele havia carregado consigo desde seu breve flerte com o judaísmo se tornou o
fundamento sobre o qual ele construiu sua filosofia. “Quando perguntado sobre a
base de sua posição realista, ele explicou: ‘Não tenho expressão melhor do que
o termo ‘religioso’ para essa confiança no caráter racional da realidade e em
ser acessível, pelo menos em certa medida, à razão humana’”.
Baggott prossegue dizendo que o Deus de Einstein era
um Deus da filosofia, não da religião. “Quando perguntado muitos anos depois se
ele acreditava em Deus, ele respondeu: ‘Eu acredito no Deus de Spinoza, que se
revela na harmonia legal de tudo que existe, mas não em um Deus que se preocupa
com o destino e os feitos da humanidade. Baruch Spinoza, contemporâneo de Isaac
Newton e Gottfried Leibniz, concebera Deus como idêntico à natureza. Para isso,
ele foi considerado um herege perigoso e foi excomungado da comunidade judaica
em Amsterdã”, conta.
O escritor chega então à conclusão de que o Deus de
Einstein é “infinitamente superior, mas impessoal e intangível, sutil mas não
malicioso”. Ele também seria firmemente determinista. A “harmonia legal” a que
Einstein se refere seria estabelecida em todo o cosmos pela adesão estrita aos
princípios físicos de causa e efeito. “Assim, não há lugar ao livre-arbítrio na
filosofia de Einstein. Ele cita uma outra frase famosa do físico relativa ao
tema para simbolizar sua opinião: “Tudo é determinado, tanto o começo como o
fim, por forças sobre as quais não temos controle … todos nós dançamos numa
melodia misteriosa, entoada à distância por um músico invisível”.
Dados na mesa
Mas enquanto a física de Einstein parecia seguir uma
lógica divina, a física quântica surge para bagunçar este equilíbrio visto pelo
físico alemão. ...
Com o tempo e a evolução da teoria quântica, as coisas
ficaram ainda mais complicadas. “No início de 1926, o físico austríaco Erwin
Schrödinger havia transformado radicalmente a teoria, formulando-a em termos de
“funções de onda” bastante obscuras. O próprio Schrödinger preferiu
interpretá-las realisticamente, como descritivo de “ondas de matéria”. Mas um
consenso estava crescendo, fortemente promovido pelo físico dinamarquês Niels
Bohr (na foto acima com Einstein) e pelo físico alemão Werner Heisenberg, de
que a nova representação quântica não deveria ser tomada de forma muito
literal”.
Baggott diz que os dois cientistas usavam argumentos
que batiam de frente com a filosofia de Einstein. Seu determinismo e certeza
estavam sendo confrontados por elementos opostos: indeterminismo e incerteza.
“Em essência, Bohr e Heisenberg argumentaram que a ciência havia finalmente
alcançado os problemas conceituais envolvidos na descrição da realidade que os
filósofos haviam advertido durante séculos. Bohr é citado dizendo: “Não há
mundo quântico. Existe apenas uma descrição física quântica abstrata. É errado
pensar que a tarefa da física é descobrir como a natureza é. A física diz
respeito ao que podemos dizer sobre a natureza.
”Essa declaração vagamente positivista foi repetida
por Heisenberg: “Temos que lembrar que o que observamos não é a natureza em si,
mas a natureza exposta ao nosso método de questionamento”. A interpretação de
Copenhague – negar que a função de onda ....
Isso era exatamente o que confrontava a filosofia de
Einstein. “Ele não podia aceitar uma interpretação em que o objeto principal da
representação – a função de onda – não é “real”. Ele não podia aceitar que seu
Deus permitiria que a “harmonia legal” se desenrolasse tão completamente na
escala atômica, trazendo indeterminismo e incerteza sem lei, com efeitos que
não podem ser previstos de forma completa e inequívoca por suas causas”, diz
Baggott em seu texto.
Em outras palavras, Deus não podia, de acordo com as
crenças de Einstein, jogar dados com o universo, tendo assim resultados
imprevisíveis. Tudo deveria estar dentro de uma lógica.
“O palco estava, assim, montado para um dos mais
notáveis debates em toda a história da ciência, pois Bohr e Einstein estavam
frente a frente na interpretação da mecânica quântica. Foi um choque de duas
filosofias, dois conjuntos conflitantes de preconceitos metafísicos sobre a
natureza da realidade e o que poderíamos esperar de uma representação
científica disso. O debate começou em 1927 e, embora os protagonistas não
estejam mais conosco, o debate ainda está muito vivo. E não resolvido”, aponta.
Baggott termina seu texto dizendo que Einstein não
teria ficado particularmente surpreso com essa falta de conclusão, justamente
por outra de suas famosas citações em relação à natureza de Deus. “Em fevereiro
de 1954, apenas 14 meses antes de morrer, ele escreveu em uma carta ao físico
americano David Bohm: ‘Se Deus criou o mundo, sua principal preocupação
certamente não era facilitar o entendimento para nós’”. [Aeon]
EXPANDINDO O ASSUNTO PARA DESENVELHECER:
Aqui cito os demais textos do Blog sobre a
pergunta acima, do GEA.
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