Chico e o comunismo
Por Percival Puggina, (68) é arquiteto, empresário,
escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas
de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo: Cuba, a
tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+
Chico Buarque ocupou durante algum
tempo funções privilegiadas na minha geração. Namoramos ao som de Chico.
Amamos com Chico. Dançamos Chico. Mal, mas dançamos. Chico enternecia
corações, a virtude trepidava, a gente era feliz. E sabia. Éramos sócios
remidos no clube da eterna juventude e bebíamos cada lágrima nos olhos
tristes de Carolina. Quantas vezes passei braço nos ombros de Pedro Pedreiro
e caminhei com ele, penseiro das mesmas divagações! Há um enorme repertório,
produzido por seu talento poético e musical que, a cada reprodução, me
arrasta pelos pés se for preciso à minha juventude e à Porto Alegre dos anos
70.
Foi nessa época, também, que se tornou
conhecido o engajamento político de Chico e seu alinhamento com o partidão
(PCB). Para ele e para muitos outros, foram tempos de interditos e censuras
que tinham, cá entre nós, a marca do mau gosto. E de um inexplicável medo da
música. Medo da música? Quem pode ter medo da música? Parodiando Stalin -
quantas divisões tem um compositor que não sejam as dos compassos de sua
canção? E a música de Chico, convenhamos, nunca produziu frêmitos
revolucionários. Não, censurar Chico e tantos outros foi um erro. Mas não é
essa a minha pauta. Quero falar do Chico engajado, sempre pronto a assinar
qualquer mensagem de apoio ao comunismo e ao regime cubano. Resistiu e
resiste até a última vilania dos ditadores vermelhos. Aquilo que nem Saramago
suportou, a execução dos três negritos e a prisão de 75 periodistas e
intelectuais independentes, ele engoliu com bom uísque e foi em frente. Ante
o que levou Rigoberta Menchú à deserção, Chico deu de ombros. A mais do que
cinquentenária ditadura castrista continua a lhe merecer incondicional
reverência.
A polêmica disputa
jurídico-legislativa entre o grupo Procure Saber (formado por celebridades
musicais como Chico, Caetano, Milton Nascimento, Djavan, Erasmo e Gil) e a
Associação Nacional de Editores de livros reabre a discussão sobre o direito
de escrever e o direito de não ser objeto da escrita alheia. E aí, queiram ou
não os membros do Grupo Saber, entra a questão da censura, muito mal vista
por todos enquanto estiveram sob seu infausto escrutínio. Não há como
desfrutar, simultaneamente, as vantagens da celebridade e os benefícios do
anonimato.
”Eu sou comunista mas não vou dividir meus bens com o
proletariado”.
Berthold Brecht, com brutal franqueza,
ensinava que a solitária virtude de quem luta pelo comunismo é a luta pelo
comunismo. Quaisquer outras às quais nós conservadores ainda tentamos, aqui e
ali, atribuir algum valor são irrelevantes para Brecht. Pois bem, o objetivo
final do comunismo é a eliminação da propriedade privada. O Manifesto
Comunista deixa muito claro o que Marx e Engels pensavam sobre a posse
individual de bens (que segundo eles só era viável para alguns por não ser
possível para todos). Dirigindo-se à sociedade burguesa, afirmaram no
Manifesto: "Em resumo, acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De
fato é isso que queremos". Tal é o generoso projeto marxista ao qual Chico
Buarque adere.
No entanto, direito autoral é uma
legítima forma de propriedade. Tão propriedade quanto qualquer outra. Não
deveriam os comunistas dar o exemplo, renunciando a seus direitos autorais?
Ou estimulando sua desapropriação para, por exemplo, prover fundos ao Retiro
dos Artistas, em suas tantas carências? O comunismo é uma ideia generosa e
pródiga. Com os bens alheios.
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Enviado
por Mara Montezuma, São Paulo Capital
191213
Felizmente estou morrendo
Por Osmard Andrade Faria
18
dezembro, 2013
Leio no Estadão de
hoje, 14 de dezembro, página 12, notícia que me atinge como um soco no estômago: A Escola Estadual Presidente Emilio
Garrastazu Médici passou a chamar-se Escola Estadual Guerrilheiro Carlos
Mariguella.
Parece que estamos chegando ao
fim e a República Federativa do Brasil também mudará de nome: seremos
República Popular Democrática do Brasil, que este é o apelido usual de todos
os países comunistas à volta do mundo.
Passado o impacto, obrigo-me a uma
volta ao passado. Como dizia Augusto dos Anjos, sou uma ameba, venho de outras eras.... Era ginasiano em 1937
quando Getúlio Vargas implantou o Estado Novo e espancou os comunistas que, à soldo
de Moscou, tentavam criar na América do Sul um satélite da União Soviética.
Foram daquela época o famigerado cavaleiro da esperança Luiz Carlos Prestes,
(Em caso de guerra entre o Brasil e a União Soviética, lutarei por eles), Harry Berger, Garota, Olga Benário e outros militantes
bolchevistas, saía-se recentemente da chamada intentona comunista que buscou
arrasar o terceiro Regimento de Infantaria da Praia Vermelha com dezenas de oficiais mortos, o Partido Comunista Brasileiro e a UNE
(esta, sempre foi no Brasil uma célula do partidão) foram fechados, o país
respirou aliviado.
A partir de 1939, fui radialista e
jornalista, escrevendo para rádios e jornais. Em 1943 participei da Força
Expedicionária Brasileira lutando pela democracia mundial. Nos anos de 1951 e
1952, produzi para as rádios Ministério da Educação, Roquette Pinto,
Mauá e uma rede de 48 emissoras no interior do país, uma série de
rádio-reportagens sob o título de Paisagens da Vida, um teleteatro
de contra-propaganda comunista, na qual, com a colaboração de um militar
foragido da URSS, Anatoli Mickailovich Granovski, contava as atrocidades que
eram sofridas pelo povo soviético nas mãos dos líderes vermelhos Stalin, Lenin e quadrilha. Esses programas foram gravados pelo
NKVD de Moscou e de lá veio a ordem para o Tribunal Vermelho do Brasil,
vivendo na clandestinidade, me condenando à morte. O DOPS,(Departamento de
Ordem Política e Social) do segundo governo do Getúlio, teve ciência do fato.
Chamaram-me. Avisaram-me que tinha a vida em perigo. E o máximo que me podiam
oferecer eram uma arma e o seu porte, nada mais. Duas vezes tentaram os
comunistas matar-me. Meu elenco de artistas era substituído a cada mês, tal a
natureza das ameaças que sofriam por telefone.
Deixei tudo em 1953 quando entrei para
a Marinha como médico. Em 1961 fui transferido para Florianópolis. E aqui,
como militar, vivi os episódios históricos da renúncia do Presidente Jânio
Quadros com posse do esquerdista João Belchior Goulart e sua deposição em
1964 ao tentar incendiar o país com sua participação ativa nas tentativas de
implantação do regime comunista no governo brasileiro.
Neste último episódio, como antigo
jornalista, fui nomeado relações públicas do Estado Maior da 5ª. Região
Militar. Mais uma vez lutei contra a barbárie vermelha.
Em 1968, durante o governo militar, os
bolchevistas insistiram em transformar o Brasil numa ditadura vermelha. É
dessa época a famosa guerrilha do Araguaia na qual pontificaram líderes
esquerdistas como José Genoíno, Dilma Roussef, José Dirceu, o primeiro dos
quais matando a marteladas na cabeça um oficial do Exército, mas todos eles
se fazendo passar hoje como heróis da democracia, vítimas da ditadura
militar. São sabujos dos Castros cubanos, irmãos de fé
dos bolivarianos da Venezuela, dos norte-coreanos, doadores das economias
brasileiras para os demais países comunistas do mundo, autores dessa farsa de
importação de médicos cubanos afrontando todas as leis do país e as reais
necessidades da saúde pública.
E o que querem esses bandidos fazer do
Brasil?
Transformá-lo em uma outra Cuba, o
melhor país do mundo em que se pode viver desde que se tenha um apartamento
em Paris, o país onde se pratica a melhor medicina das três Américas
desde que se tenha um Hospital Sírio-Libanês quando qualquer companheiro
adoece, país cuja principal matéria-prima é mão de obra escrava exportada
para todo o mundo, país onde se passa fome, paraíso do qual todos querem
fugir mesmo correndo o risco de morrer no mar?
Esquerdismo é isso? Nenhum regime
político já acontecido no mundo matou mais patrícios seus e pessoas de outras
origens que o comunismo da União soviética. Mais de 600 milhões de cadáveres.
Ao fim de 70 anos, nem eles mesmos suportaram mais. Mas nos bolsões de
resistência como em Berlim Oriental, construíram muros para evitar que os
felizardos que viviam no paraíso fugissem para o inferno
ocidental.
Ouçamos, a respeito, a opinião
do grande Fernando Pessoa: O comunismo não é um sistema: é um
dogmatismo sem sistema - o dogmatismo
informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em
todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma
figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da
liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos
que se escondem em cada um de nós.
Ho Chi Ming, líder comunista chinês
matou mais de 3 milhões de patrícios. Na Coréia do Norte já morreram
mais de um milhão. Mas os esquerdistas brasileiros representados pelo
PT, PSB, CUT, MST, UNE e outras quadrilhas redigiram uma
carta de apoio aos camaradas da Coréia onde afirmavam, entre outros
besteiróis: Incentivaremos a humanidade e os
povos progressistas de todo o mundo e que se opõem à guerra, que se manifestem com o objetivo de manter a paz contra a
coerção e as arbitrariedades do terrorismo dos EEUU.
O líder cubano Che Guevara em quem os
jovens de hoje e a quadrilheira Dilma Roussef vão buscar inspiração era
claro quanto às suas intenções pacifistas e socializantes: Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar apenas
pelo ódio. Banharei minha arma em sangue e, louco de fúria, cortarei a
garganta de qualquer inimigo que me cair nas mãos. E sinto minhas
narinas dilatadas pelo cheiro acre da pólvora e do
sangue do inimigo morto. Aqui na selva cubana vivo é com sede de sangue,
estou escrevendo estas linhas inflamadas em Marti.
É este o governo que os patriotas
esquerdistas querem para o Brasil? Costumam dizer que quem não é socialista
na juventude não tem coração e quem ainda é socialista na idade adulta não
possui cérebro. Digo-lhes eu: mostrem-me um adolescente que não seja
socialista e eu lhes mostrarei um alienado do seu grupo; mostrem-me um homem
de mais de 30 anos que ainda seja comunista e eu lhes mostrarei um canalha.
Paulo Francis achava que todo mundo tem o direito de se portar como um débil
mental até os trinta anos.
Infelizmente a escória vermelha do
Brasil, que tanto ajudei a combater, está de volta, tomou conta do país, vai
nos levar à infâmia da cubanização, não sossega enquanto não humilhar os
militares que os combateram nos anos 60 e 70, obrigou recentemente esses
mesmos soldados a prestar honras militares ao cadáver do comunista que
desalojaram do poder em 1964 e agora, conforme está no jornal, trocaram pelo
nome de um criminoso bolchevista o de uma escola de Salvador.
Como já estou no fim da vida aos 91
anos, não viverei o suficiente para suportar esse castigo, mas lamento pelos
meus filhos e netos. Que me perdoem o mau gosto da frase mas,
felizmente, estou morrendo.
Jornal dos Amigos
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