domingo, 19 de fevereiro de 2017

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

O TRIÂNGULO DAS BERMUDAS – FICÇÃO
ISTO É UMA FICÇÃO. Nós todos somos uma ficção de nós e dos que nos encontram. Podemos parecer reais, mas somos lendas. Sobre algumas coisas os outros não acreditam no que nós falamos. Em outras até nós sabemos que são simples lendas pessoais, e estranhos as aceitam como verdades, nos usam, conseguem resultados. Mais algumas fantasias nós acabamos acreditando nelas e dá certo.
Por isso, não acredite no que vou contar. Podia ser assim. Mas temos certeza que não é. Então por que vou contar? E por que você iria ler? Só depois de contar eu posso avaliar e só depois de ler você vai saber se valeu a pena.
Vamos direto. É mentira que eu saiba velejar. Aliás, tenho medo até de flutuar com boia no mar. Bem, estou num pequeno veleiro, com ventos favoráveis, em águas límpidas no famoso Triângulo das Bermudas. Sim. Ali onde desaparecem navios inteiros com suas tripulações, tesouros, segredos... aviões perdem-se... pessoas às vezes reaparecem e nem sabem o que houve. Estou curioso sobre um possível portal dimensional por ali. Já sei que por todos os oceanos do mundo existem estatísticas mais numerosas do que aqui. Mas, é aqui que ganhou fama essa lenda.
Portanto, é pura coincidência surgir nadando um homem e eu ter uma corda de veleiro com laço na ponta, atiro essa corda e ele pega. Puxo pra cima e vejo um rapaz de olhos claros que me cumprimenta em bom inglês londrino e eu, não habituado a falar inglês, falo com facilidade com ele. Pergunto: quem é você? Que faz por aí? Responde: meu nome é John. Vim num navio há uns anos e naufragamos. Pergunto espantado: Há alguns anos? E ele tranquilamente me diz – era o ano de 1796. Quase caio no mar de susto e engasgo ao dizer – 222 anos atrás? E ele diz – Alguns de nós conseguimos nadar até as costas de uma ilha logo ali... -  Ilha? Desse lado? De onde você vem vindo nunca se registrou ilha nenhuma! É longe? Ele responde – umas três milhas! E eu contesto – Mas não se vê?
Ele ri... Pergunto de novo: Ali? A três milhas de meu veleiro? Diz ele – Está bem encoberta pela miragem das águas produzida pela corrente circular que a contorna. Eu mesmo perdi de ver suas belas matas e seu planalto ao sair pra fora dessa corrente marinha circular. Alguém me havia dito que havia um mundo de demônios e seres humanos dementes após essa saída da correnteza e estou tentando ver se é verdade. Pelo primeiro que encontro, você, me parece tão normal como na Ilha. Prossigo perguntando:
- Mas, havia muita diferença entre a União dos Estados Americanos e a vida nessa Ilha?
- Sim! Lá no continente havia sido feita uma Declaração de Direitos dos Cidadãos para não sermos devorados por um Governo escravagista, do qual os primeiros colonizadores haviam fugido e que estava tentando impor seus tentáculos de novo nas nossas vidas. Aqui na Ilha, já estava bem adiantado o processo de Condomínio Racional.
- Ah! Vais me contar uma nova UTOPIA? Outra República de Platão? Alguma cidade não conhecida de Homero? A Cidade de Deus de Sto Agostinho?
- Não conheci essas ilhas. Só vivi esse tempo todo nesta.
- E o que você comia? Frutas, trigo, carne, ovos, peixes, raízes, verduras? tomavam chá?
- Tea o clock? Também! E sem impostos!
- É muito caro viver ali?
- Até hoje, dizendo a verdade, trabalhei muito pouco, comi bem, sempre tive roupas e calçados de fibra, instrumentos para comunicar e estudar, cada vez melhores. Morei em meu pequeno apartamento bem iluminado e andei por onde quis, corri, subi morros e sempre voltei em busca de mais conhecimentos.
Nesse momento ouvi, como que saindo de seu rosto um chamado – John! John! Você sumiu! Onde está? E ele falou como se falasse sozinho – estou bem! Passei a corrente do cerco e estou conversando com um americano num veleiro! E veio outra vez a voz – estou vendo! Parece boa gente! Veja se não cria confusão! Se precisar, chame!
Francamente! Vozes saindo da cara? Não vi nenhum celular, câmera, chip de ouvido...
Ele pareceu adivinhar minhas dúvidas e passou dois dedos colhendo algo no ouvido e me mandou estender a mão. Abri a mão e ele me colocou uma espécie de gelatina invisível na palma, dizendo – geleia dimensional...
Senti a coisa fria grudar na mão. O barco balançou e eu me agarrei a uma grossa corda... exclamei:
- Acho que esmaguei sua geleia! Desculpe-me se vc perdeu seu comunicador...
- Que nada! Pode falar e ouvir receberem nossos diálogos na Ilha. É dimensional. A corda não faz nada com ela.
- Você disse que não trabalha. Come, veste, dorme, estuda, pratica exercícios, há 200 anos! Não está na lista dos vadios? Tem documentos? Tem policiamento?
- Todos vivem assim na Ilha. Pra que documentos? Meu corpo todo e minhas palavras identificam quem sou. Quando vou a algum local de abastecimento posso consultar se comprei demais, devolvo... Sempre tenho muito saldo que posso usar e sou elogiado avisando que dá pra ir assim mais mil anos.
- Saldo em dólar?
-- Não! Em coisas! Medidas pelo tempo gasto em fazer.
- Que rendas pode ter como vadio?
- É difícil explicar. Eu estudo sempre. Tudo que se propõe eu sou curioso e vou aprender. Assim se colhem frutas, fazemos sandálias, preparamos nossas geleias... Sempre há o desafio de aperfeiçoar, e ao acabar a aula vai tudo pros centros de abastecimento. Ficamos livres de carregar o que fizemos. Às vezes temos que refazer algo que alguém fez e ninguém usa. Assim se aperfeiçoaram as geleias.
- Dizes da geleia dimensional? Ou há outras?
- Sim! Geleias de sangue, de inteligência, de transmissão de força para as plantas, barquinhos e veículos aéreos invisíveis, bibliotecas de conhecimentos pra consultar e muito mais.
- Isso são geleias? Pra que geleia de sangue? Vampiros?
- Vocês buscam células tronco? Pelo que li na sua mente... É geleia de sangue. Faz limpeza e aumenta a vida.
- Mas então não dá pra parar de estudar e isso é o trabalho... Entendi!  Se vc parar de estudar, perde os créditos, né?
- Você está pensando em haver gente forçada a estudar?
- Sim! Todas as Utopias se baseiam em haver escravos...
- Não estou contando uma coisa forçada. Se eu não quiser saber, ninguém me chama. Se inventarem coisas melhores e eu fui procurar no Centro de abastecimento e tem coisa diferente, vou aprender... e só por usar já dei crédito aos que o fizeram e terei uma comissão de consumo. E quem fez tem crédito de produzir. Você se espanta, por quê? Nada disso existe no seu mundo, que eu vivia? Pelo que vejo, é verdade que os demônios e os dementes tomam conta de América... Isto que lhe conto é apenas lógico, racional, normal...
Fiquei calado um bom tempo, enquanto fiz esforço pra velejar na direção da tal Ilha e sempre o vento e as águas me levaram pra fora desse círculo.
Perguntei, curioso – Ali na Ilha não dá ciclones, furacões, temporais?
- Sim! Às vezes chove forte, passam raios de nuvem em nuvem, trovoadas, mas nossos estudos já são eficientes o suficiente para desviar.
Toda minha curiosidade parecia não acabar e o John que parecia impaciente com minha depressão ao ouvir essa fantasia, foi ficando mais agitado e começou a parecer muito irritado.
Até que ele saltou às águas e bracejou rápido contra a força invisível da corrente circular em ziguezagues e desapareceu da minha vista, tendo antes dirigido um olhar meio assustado como se eu fosse algum demônio que ele havia contatado.
O vento me empurrava pra oeste... E ele ia para leste.
Aí me lembrei da geleia na mão. Tentei enxergar algo na mão, mas, nada! E o material estava ali, grudado. Eu o sentia. Pensei em falar com alguém da ilha, em jogar fora...
Assim foi que ergui a mão e gritei – John! John! Você está bem? Já voltou pra Ilha?
Senti a geleia trepidar com minha voz e escutei a mão falando – Aqui é o Tig. Já estamos ajudando o John a escapar da arrebentação que não se vê. Ele ficou um pouco assustado com suas dúvidas sobre o que ele explicou...
- Eu percebi... Vocês conhecem o que acontece na América?
- Sim! Temos captação de suas TVS, jornais, eventos, registros, quanto quisermos. Não se preocupe com o John. Ele chegou aqui em um lote de gente que naufragou em furacão. A família dele afogou. Alguns marujos se tornaram membros ótimos da Ilha. Ele era um deficiente cerebral e fomos mudando até ser normal. Ainda está aprendendo e por isso deixamos que ele passasse a corrente e ter essa experiência. Deve ter percebido que ele não falou de sexo, filhos, família? E aí pode ter pensado que não temos famílias.
Perguntei: Também não disse algo sobre governo. E quem governa essa ilha racional?
Diz ele – As mamães! Eu tive problema de ficar sem mamãe muito cedo. Assim tive problema que detectei logo no John e passei a monitorar. Eu prossegui e apoiei uma companheira para ser mamãe e aprendi. Mas ele ainda não chegou aí.
Nem consegui sair do susto! Fiquei mudo! Eu havia sentido nessa curta conversa quanto somos atrasados... e o adiantado pra mim, nesse reino era um deficiente em recuperação! E mais! Pajeado por semi-deficiente!
Lembrei de Einstein dizendo – deve haver no Algures uma Ilha de paz e harmonia, onde possam viver felizes os homens de boa vontade. Nem terminei de Pensar e Tig me dizia – Você avançou um pouco mais além dele e por isso procuramos deixar você ter este contato. Perdoe-me se ficou com algum ressentimento ao saber de parte do nosso avanço.
Eu vinha com curiosidade e vontade de saber o que havia no Triângulo das Bermudas. Fiquei chocado com o avanço dado a um deficiente... e agora me pedem desculpas se fiquei chocado com saber apenas parte do avanço! Cheguei a pensar em pedir autorização pra ir ver. Depois disso, francamente, nem sei por quais cargas d’água eu ainda publico isto. Será que alguém dali ditou esse suposto encontro? Ruminando ideias ia perguntar se Einstein teria achado a ilha.
- Nós o achamos, sim! Albert está jovem e o cumprimenta lá do ponto em que ajeita umas geleias despoluidoras...
- Bem que o mundo está poluído e precisando delas.
- Você entendeu mal. Despoluir o Ar, alimentos e água com químicas, vocês mesmos fazem o serviço. Já na atômica, precisaremos ajudar. E...
- Então teremos guerra nucelar? Vocês não vão intervir?
- Calma, deixa terminar. Eu ia dizendo “e...” geleias para defender da poluição mental ainda estão sendo aperfeiçoadas. Será um longo caminho a percorrer e temos urgência.
Despedi-me muito achatado com minhas ideias de melhora humana, nas quais essa ilha do algures já havia alcançado algo mais, e fiquei pensando em Einstein.
Antes de dormir estava ouvindo de Tig: Não se espante se receber uma visita do Albert...
Continuei o diálogo lembrando ao tal Tig que temos registros de que o homem foi feito por um povo do espaço que precisava de servidores pra suas finalidades... E ele me diz:
- Você chegou a supor que fizeram a nós como ciborgs, ou Inteligência Artificial. E estaríamos sendo perigosos para eles por escapar do controle, desenvolvendo caminho próprio. 
- E o Albert, pergunto eu, seria um desses robôs?
- Então, retruca Tig, será que o Albert, ou Buda, Gandhi, Laotsé poderiam ser um perigo pros Anunnaki? E, pense bem, por que motivo a Inteligência artificial que fizermos deve ser pior que nós e vir a nos destruir? Não poderia avançar para nos fazer melhores? Seria uma questão da geleia que lhe dermos... Acho evidente que daria menos trabalho pra fazer robôs de harmonia do que robôs da maldade... Não acha?
À noite sonhei com Einstein. A visita aconteceu! A ilha existe! As lendas são verdadeiras! Aí, me desculpem, mas o silêncio vale mais. I do not believe!
PS – MEU LEITOR ESTÁ CONVIDADO PARA CUIDAR DE fazer UMA GELEIA DO BOM ROBÔ.

http://mariosanchezs.blogspot.com.br/2015/10/pessoa-humana-uma-ficcao.html 
  

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