domingo, 27 de janeiro de 2013

GLOBALIZAÇÃO E G20


GLOBALIZAÇÃO E G20
Embaixador Aleksander Iakovenko da Rússia em Londres fala da Globalização
COMENTÁRIO DO BLOG
Minha tristeza é que ainda não tivemos “civilização” digna desse nome no Planeta Terra. Temos um belo planeta com belas paisagens, riquezas praticamente sem uso e sem limite quando bem utilizadas e recicladas, população ainda incapaz de ocupar todo o planeta e a cada dia com mais conhecimentos, e ainda com visão para expandir pelo espaço. No entanto, alguma força irracional está lançando sua sombra escura sobre os atos coletivos, manipulando pouco mais de 0,03% dos cérebros viventes. Quando um homem qualquer se coloca isento dessa interferência malévola, em qualquer raça ou país, conclui unanimemente em identidade com todos os pensamentos que se tranqüilizaram em qualquer parte do mundo.
Só permanecem desejando O FIM (dos outros...) quando são “muito” ignorantes. Neste discurso de um calejado itinerante russo, só lhe falta mostrar que já entendeu que os Banqueiros Unificados representam a cabeça “não pensante” da espécie humana e que sempre cresceu seus ativos “apelando para a ignorância”. As cabeças pensantes se formam com boa escola de base... coisa que os banqueiros ignoram.
Assim, corrigindo essa falha e avançando um pouco mais na visão do futuro natural de um mundo onde as máquinas VÃO SUBSTITUIR TODOS OS SERVIÇOS, todo ser pensante precisa achar a visão do desemprego total como LIBERTAÇÃO e deve ver a situação vigente como transgressão à proposta do artigo quatro da Declaração Universal dos Direitos Humanos (recomenda abolir a escravidão sob qualquer das formas em que se esconde).
Sem desmerecer a fala de Iakovenko, peço que leiam as ponderações dele, acrescentando o que falta em seus pensamentos.

As relações internacionais, assim como toda a evolução mundial, estão em transição para, possivelmente, uma nova época histórica. Ao mesmo tempo, estão terminando processos de diferente duração: desde a Guerra Fria, com sua inércia intelectual e geoestratégica, até o predomínio de 500 anos do Ocidente na política, economia e nas finanças globais.
O que está acontecendo tem razões objetivas e não devemos cair em pânico. É importante analisarmos os processos operados de forma sensata em um contexto histórico mais amplo e em termos que extravasem os restritos conceitos ideológicos dos discursos dos tempos de Guerra Fria. A história e as relações internacionais não começaram em 1945. Uma visão tão ampla e imparcial das coisas poderia levar, inclusive, a conclusões encorajadoras e ajudar a identificar um potencial real para a convergência e a síntese na política euro-atlântica.
Consultar a história não é apenas útil, mas também necessário. Por exemplo, a Guerra da Criméia quebrou o equilíbrio europeu, que se manteve em paz  durante 40 anos, e se tornou um ponto de partida para a Primeira Guerra Mundial e todas as tragédias posteriores da Europa e do mundo no século 20. Foi naquela época que os países líderes da Europa começaram a demonizar uns aos outros de forma agressiva sob a bandeira nacionalista para justificar não só a guerra, mas também a subseqüente humilhação dos países vencidos e sua divisão territorial. Após a Rússia, chegou a vez da Dinamarca, Áustria, França, e, finalmente, da Alemanha. A ordem européia e internacional entrou em colapso.
Em meados do século passado, Karl Jaspers escreveu que havia duas opções de nova ordem mundial: um império global e uma ordem internacional. A experiência dos últimos 20 anos mostra que a primeira opção é impossível. Resta, portanto, a segunda.
A experiência histórica nos ensina que não devemos menosprezar aquilo que temos. Em primeiro lugar, temos a ONU (Organização das Nações Unidas), criada para lidar com nosso mundo diverso e multipolar. O confronto bipolar causou deformações do tempo. Não é possível arrasar tudo para começar a construir a partir do zero, negando aos outros o "direito à salvação", como tentaram fazer os bolcheviques e antes deles, os fanáticos puritanos.
A questão é saber como adaptar a ONU à realidade. A principal característica de nossa época histórica é a indefinição e uma grande variedade de opções de desenvolvimento de quaisquer fenômenos. Daí a necessidade da diplomacia possuir um conjunto flexível de instrumentos. Não há mais razões para volumosas alianças político-militares semelhantes às criadas no passado. A alternativa é uma diplomacia de rede e de múltiplas opções. Essa escolha está consagrada no Conceito de Política Externa da Rússia, aprovado em julho de  2008. Desde então, essa idéia vem tomando conta de outros países, entre os quais os EUA e o Reino Unido.
Há um denominador comum mais importante: os problemas do desenvolvimento assumem importância primordial para todos os países do mundo. Todo o mundo reconhece que o desenvolvimento socioeconômico sustentável e o desenvolvimento de outras esferas é um desafio fundamental de política externa. Isso deve nos unir, porque, ao contrário da era colonial, o  desenvolvimento internacional não pode mais ser um jogo de soma nula.
Novos desafios e ameaças tornam ainda mais relevante a necessidade de igualar os níveis de desenvolvimento, tanto mais que o potencial de crescimento das grandes economias dinâmicas e dos países em desenvolvimento deve ser a principal fonte de reativação econômica nos países industrializados. Para acabar com sua insegurança, eles devem debelar a crise e recuperar sua solvência.
A globalização (Gordon Brown falou também sobre a ameaça de "desglobalização") deve ser repensada. Infelizmente, até agora, a globalização exercia as mesmas funções dos impérios do passado, proporcionando as oportunidades de desenvolvimento segundo o princípio do jogo de soma zero. Como resultado, só as camadas populacionais "intensivas em capital" ganhavam com isso, o que desunia a sociedade. Com fontes de renda no exterior, as camadas abastadas não se interessavam pelos problemas do desenvolvimento nacional. Parece ter sido exatamente esse esquema de globalização que se tornou uma das causas da atual crise nos países ocidentais, crise essa que quase fez desaparecer a classe média em um país europeu.
Os "novos" atores conseguirão, mais cedo ou mais tarde, o que estão procurando. Mas isso vai acontecer com base nos resultados positivos de seu desenvolvimento nacional entrelaçado com o desenvolvimento de outros. Já os "velhos" atores devem pensar em como ajudá-los a formular seus objetivos políticos no cenário internacional de modo a compatibilizá-los com os interesses da comunidade internacional em geral.
Isso poderia ser feito no âmbito dos esforços verdadeiramente colaborativos em todo o espectro de questões internacionais e sob a forma de liderança coletiva dos principais países do mundo. Esse engajamento mútuo prevê que os países abdiquem da prática de reação unilateral, inclusive militar, a desafios. Se conseguirmos isso na busca de uma solução para a crise síria, conseguiremos fazer isso nas demais questões.
SOBRE O PAPEL DO G20
É de conhecimento geral que a Rússia assumiu a presidência do G20 desde o último dia 1°. Esse grupo, que concentra as principais economias do mundo e cobre 90% do PIB mundial e 80% do comércio global, foi criado como um instrumento para coordenar os esforços internacionais na tentativa de fomentar a sustentabilidade e o crescimento econômico, gerenciar e responder a crises.
Assim sendo, a Rússia está disposta a trabalhar com seus parceiros para desenvolver novas idéias e mecanismos eficazes destinados a apoiar o crescimento econômico e prevenir novas crises no futuro. A presidência do G20 também dá à Rússia uma oportunidade de abordar objetivos econômicos do país a longo prazo, consolidar a experiência do conselho internacional e compartilhá-la com os outros membros do grupo e de toda a comunidade internacional.
Desde a 1ª reunião de cúpula do G20 em 2008, os países participantes conseguiram deter a queda econômica e reforçar o controle sobre os sistemas financeiros nacionais, inclusive com o apoio ativo do governo russo. Juntos, estamos promovendo uma transformação sistêmica da arquitetura econômica e financeira internacional, além de proporcionar máxima proteção contra riscos, reforçar a confiança mútua e impulsionar o desenvolvimento sustentável e equilibrado da economia mundial.
Quanto aos objetivos da Rússia na presidência do G20, o país decidiu não introduzir quaisquer novos (em essência) itens à agenda, mas concentrar-se no tradicional caminho de apoio a um crescimento sustentável, crescimento equilibrado e abrangente, além da criação de empregos em todo o mundo.
Nós, russos, gostaríamos de garantir a continuidade do diálogo sobre todas as questões existentes para dar sequência à implementação dos compromissos anteriores. Para atender a esse objetivo estratégico, estamos planejando concentrar nossos esforços comuns nas três prioridades que visam iniciar o novo ciclo de crescimento da economia mundial e impulsionar o crescimento: criação de emprego e oportunidades de investimento, confiança e transparência dos mercados, e regulamentação eficaz do mercado.
Além da agenda tradicional do G20, dois novos temas financeiros serão adicionados, isto é, financiamento para investimentos e empréstimo contraído pelo Estado e a sustentabilidade da dívida pública. Temos grande expectativa de coordenar políticas que possam ser adotadas para estimular a expansão e desenvolvimento de fontes de crescimento a longo prazo, bem como discutir o futuro de empréstimos soberanos na abordagem dos compromissos nacionais em um conjunto de regras internacionais.
De modo a garantir a continuidade e implementação dos compromissos anteriores, vamos trabalhar com nossos parceiros para avançar questões tradicionalmente vitais na agenda do G20, tais como a situação econômica mundial, a implementação do Acordo-Quadro para o Crescimento Forte, Sustentável e Equilibrado, a facilitação da criação de empregos, a reforma monetária e da regulamentação financeira e os sistemas de supervisão, incluindo a reforma do sistema de cotas do FMI,  e a manutenção da estabilidade nos mercados globais de energia, intensificando o desenvolvimento internacional, fortalecendo o comércio multilateral e combatendo a corrupção.
Vamos começar com a atualização de nossos compromissos no âmbito do Acordo-Quadro para o Crescimento Sustentável. De um modo geral, estamos atualmente enfrentando uma situação muito delicada ao ver que os compromissos nem sempre coincidem com as ações políticas reais. Temos a intenção de unir esforços com nossos parceiros a fim de incentivar as principais economias a cumprir seus compromissos, sobretudo em termos de implementação das promessas relacionadas aos déficits orçamentais e os coeficientes de dívida, conforme acordado nas cúpulas anteriores, incluindo a reunião dos líderes realizada na cidade de Toronto em 2010.
Também vamos insistir na implementação da agenda de uma ampla reforma de regulamentação financeira, onde o G20 já alcançou alguns resultados impressionantes, como, por exemplo, no contexto da institucionalização do Conselho de Estabilidade Financeira e no acordo de Basiléia III, entre outros.
A Rússia se propõe a uma abordagem pragmática e norteada para resultados, o que implica a racionalização dos formatos de trabalho e reuniões ao longo de duas faixas centrais – ministérios das Finanças e os grupos de trabalho relevantes. A inovação da presidência será uma reunião conjunta dos ministros das Finanças e do Trabalho.
A prática mostra que as medidas globais só são eficazes quando baseadas no maior número possível de pontos de vista e levam em conta os interesses dos diferentes grupos. No primeiro dia da presidência russa no G20, Vladimir Pútin, presidente da Rússia, ressaltou que o país está aberto ao diálogo e pronto para a mais ampla possível cooperação construtiva para atingir os objetivos do G20.
Para garantir a transparência, legitimidade e eficiência do G20, a presidência russa planeja realizar extensas consultas com todas as partes interessadas, incluindo países que não integram o G20, organizações internacionais, setor privado, sindicatos de comércio, sociedade civil, jovens, grupos de reflexão e círculos acadêmicos, visando a produção de uma sinergia intersetorial e, assim, aumentar os benefícios para todos.
Nosso objetivo comum é abordar e tentar resolver os problemas mais graves enfrentados pela economia global, garantir seu crescimento sustentável em benefício dos cidadãos do mundo inteiro. Esperamos que a presidência da Rússia no G20 ajude a consolidar os esforços internacionais e a melhorar nossa coordenação nessa tarefa ambiciosa.
Aleksandr Iakovenko é embaixador da Rússia no Reino Unido
- Antes ocupava o cargo de vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa. 

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