Transcrevo o artigo abaixo do Jornal Estado de São Paulo, com um
COMENTÁRIO PRÉVIO
Trata-se de uma "crítica" ao filme que retrata os fatos envolvendo executivos que trabalharam para fazer a crise de 2008.
Será que o filme teria saído a público se a história contasse o que realmente está por trás das "crises"?
Na programação subliminar do filme que visa ganhar mais algum à custa do episódio, os verdadeiros protagonistas que prepararam a crise de 2008, ficam nas Sombras, e as pessoas supostamente protagonistas assumem a personalidade Maldosa, insinuando que os que assistem são iguais!
Venho condenando sempre esse "julgar" terrível em que somos estuprados pelo Feudalismo e seus "superiores invisíveis" para extinguir nossa auto-estima e admitir que somos culpados de tudo que o Poder Tenebroso dos satanases inculca nas mentes humanas que não vigiam, não conhecem a verdade dessa força escravagista que manda no mundo, e portanto, não podem alcançar a Libertação.
Pare! Pense! Perceba o enredo tenebroso dos seres invisíveis que dirigiram os canibais, Gengis Khan, Hitler, Stálin, e esses "kapitalists-super-men" do "dia antes do fim"...
EIS O ARTIGO (CRÍTICA):
SOBRE O FILME "MARGIN CALL"
O Estado de S.Paulo - 08.12.2011- NOTÍCIA
Uma boa surpresa este Margin Call - O Dia Antes do Fim, trabalho de estreia em longas-metragens do diretor J.C. Chandor. A história se passa na véspera da crise econômica de 2008, a da subprime. É um estudo em regra (mas não maniqueísta ou caricatural) da gente do mercado financeiro, para a qual as vidas das pessoas comuns, essas que suam a camisa para ganhar seus salários e quebram a cabeça para saber o que fazer com eles, parecem ínfimas como a de formigas. Não por acaso, trabalham nos últimos andares dos edifícios. Sentem-se nas nuvens.
A intimidade desses novos super-homens do capitalismo global é devassada durante o espaço de uma noite, quando eles se dão conta da enrascada em que se meteram (e na qual puseram também o restante do mundo) e têm de decidir o que fazer para salvar empregos, peles e bolsos.
A história começa com uma demissão em massa numa dessas empresas do capital especulativo. Não se diz o nome da firma, mas a alusão ao Lehman Brothers é evidente. Um dos funcionários postos no olho da rua é um bamba, Eric Dale, um analista de riscos com mais de 20 anos de experiência, interpretado por Stanley Tucci. Antes de partir, ter seu celular corporativo confiscado e e-mail bloqueado, ele deixa um pen drive com um novato, dizendo-lhe para prestar atenção em seu conteúdo. Peter Sullivan (Zachary Quinto) leva a sério o conselho. Enquanto todo mundo sai para afogar a adrenalina do dia de demissões em baladas variadas, ele permanece no escritório examinando o material deixado pelo ex-chefe. De fato, as análises contidas no dispositivo são explosivas quando levadas às suas consequências lógicas. Revelam que a empresa foi muito além do razoável em termos de risco e que, portanto, o castelo de cartas construído com o dinheiro dos tolos está prestes a desabar.
O filme assume, a partir daí, formato de um thriller financeiro - se é que o gênero existe - absolutamente complementar ao documentário Trabalho Interno, de Charles Ferguson, e muito superior a Wall Street -O Dinheiro Nunca Dorme, de Oliver Stone. Se em Trabalho Interno, vencedor do Oscar, são dados nomes aos bois que montaram, sustentaram e lucraram com a crise, em Margin Call as relações pessoais é que são postas a nu. Além de ser a análise de uma forma de mentalidade, dessa, por assim dizer, vontade de potência quase generalizada que existe entre eles. Se vivesse hoje, Nietzsche teria dificuldade em enquadrar esses heróis de si mesmos em categorias do sentimento de superioridade.
Há matizes. A possível exceção é o personagem de Kevin Spacey, Sam Rogers, talvez consciente daquilo que faz a si e aos outros - e, apesar dessa consciência, profundamente dependente do mundo em que se enredou e sem o qual não sabe viver. É possível que Spacey represente essa profunda desesperança final expressa pelo diretor, alguém com conhecimento de causa. O pai do cineasta foi, por longo tempo, um dos bambambãs da Meryl Lynch, empresa arrastada pelo tsunami financeiro de 2008.
No outro extremo, há o chefão John Tuld. Um ator menos dotado que Jeremy Irons talvez fizesse dele um clichê ambulante. Chega quase a ser isso, mas o talento do ator embute certa simpatia ao cinismo professado pelo tubarão disposto a surfar na onda criada por ele mesmo. Dá gosto vê-lo interpretar.
Do ponto de vista cinematográfico, o filme é muito concentrado e apurado. Trabalha praticamente com uma locação única, o escritório da firma em Wall Street, do qual se descortina o panorama de Manhattan. Diálogos afiados, mas não em nível inverossímil. É perfeitamente crível que um Sam Rogers (Spacey) pise em tanta gente e tenha compaixão por um animal moribundo. É possível que um carnívoro como Tuld possa oferecer uma cabeça ao board da companhia para aliviar a crise e, ao almoçar um prosaico bife, se ponha a filosofar sobre a origem e a função social do dinheiro com serenidade tibetana.
Essas ambivalências dão veracidade ao filme. De produção modesta, compreende-se que muitos atores caros tenham se aliado a ele. Mesmo em Hollywood existe grande angústia em todos que têm alguma consciência diante da aparente impossibilidade de deter essa gente, como se a lógica do sistema fosse a de produzir crises sucessivas e cada vez piores; e, com elas, perdedores entre a gente comum e vencedores cada vez mais ricos.
Um desses predadores diz a frase definitiva: "Seja o primeiro. Seja o mais inteligente. Ou trapaceie". É como um logotipo a resumir a nossa época. E não apenas no âmbito do mercado financeiro, se você reparar bem.
Crítica: Luiz Zanin Oricchio
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