1. Quem realmente era esse João Marcos? Houve só um, que escreveu o Evangelho ou houve um filho que tinha o mesmo nome e viveu parte do longo caminho que se entrevê na vida contada? Fica nas entrelinhas que ele era filho de grande amigo de Jesus, de família rica e testemunho pessoal da pregação.
2. Como é que ele, sem ser da alta seleção do Apostolado, foi o primeiro a escrever um texto a respeito da vida e pensamento de Jesus Cristo? Mesmo assim, há coisas que contou que só sendo ele testemunha podia falar... Suponho que ele queria falar em público aos ouvintes de Paulo o que sabia e teve oposição.
3. Que fatos se escondem atrás da divergência entre ele e o pregador Paulo de Tarso referidos por Lucas nos Atos dos Apóstolos? Lucas era o escrivão e médico do epilético Paulo sem o qual jamais teria feito o que fez e refere nos Atos que discutiram a ponto de ele abandonar a missão. Como os Magos deviam ser da mesma família... algo estava em discussão nessa área.
4. Qual foi a gravidade dessa divergência que depois resultou em Barnabé (tio de Marcos) também separar-se de Paulo e passarem a distribuir o Evangelho de Marcos por mais de 20 anos como únicos divulgadores de Boa Nova escrita em rolo de pergaminho? Essa gravidade é mencionada mas não esclarecida, pelo punho de quem defendeu Paulo.
5. Por que Marcos fala mais de João Batista ao começo e nem cita os Magos do Oriente? Temos razões para desconfiar que João Marcos tinha muita intimidade com esses Reis...E com os Essênios. Parece-me que não queria trazer à Boa Nova algum valor oriental que ofuscasse a figura do Mestre. Dinheiro, grande propriedade, a mãe extremamente protetora dos adeptos de Jesus. Mas, e o pai de Marcos?
6. Por que motivos o Evangelho de Mateus que foi feito mais de 20 anos após Marcos, passou a ser considerado o primeiro e não o de Marcos?
7. Por quais motivos só Mateus fala dos Reis Magos? E, ainda, sendo posterior e quase cópia de muitos temas de Marcos, nem refere João Marcos... Nem Lucas, que escreve ainda depois, traz referência ao primeiro, e mais, faz vista grossa das razões da divergência, e também nem cita os Magos.
8. Por que não se divulga e explica quem era o rico pai de João Marcos, dono do luxuoso Horto de Getsemani, e da casa onde Jesus ia meditar, onde se fez a Santa Ceia? São citados Nicodemos e João de Arimatéia como aliados sérios de Jesus e citam "Maria mãe de João Marcos". Temos sérias razões para supor que esse pai era o mais novo dos "magos" e dali saíu o ouro que revestiu o esquife que nos desafia a imaginação no nicho da catedral de Kholn com os ossos dos Reis Magos... Pode ser que os pais de Barnabé e de Maria mãe de João Marcos fossem os donos desse local e abrigaram os Magos que tinham ouro e financiavam as andanças. Pergunto se o mais novo dos Magos não seria o pai de João Marcos.
9. O que significa Mateus ter contrariado frontalmente a atitude de Marcos (que discutiu os erros que estava vendo com o trabalho de Paulo), colocando logo ao começo do seu evangelho 5,25 e 5,39/40/41, para não opor-se ao mal? A meu ver significa que conversaram longamente os dois evangelistas sobre esses assuntos.Pode ser que essa atitude de convivência expresse o ensinamento de Jesus adotado pelo descendente de Davi, Mateus, para ser bem visto entre judeus, romanos e cristãos.
10. Como se explica que haja duas linguagens muito diferentes atribuidas ao Evangelista João? Uma é a que se usa no Evangelho e outra a do Apocalipse... E nas "cartas do apóstolo João", também há duas linguagens... A linguagem do Apocalipse, de uma das cartas e do Evangelho de Marcos, são linguagens parecidas e coerentes.
11. Como explicar o começo do Apocalipse com sete mensagens a sete igrejas da Ásia Menor, se João Evangelista não viajou por lá e João Marcos percorreu essa região diversas vezes levando o Evangelho pessoalmente com Barnabé?
COMENTÁRIOS
Li algumas referências à vida de S. Marcos e encontrei notícias bem claras de que a tal Maria, mãe de João Marcos, tinha ótima residência em Jerusalém onde recebia os Apóstolos e que eram donos do Jardim de Getsêmani. Depois de ler que João Marcos era o Jovem que fugiu nu perdendo o lençol em que estava enrolado ao prenderem Jesus no monte das Oliveiras, ao lado do Jardim de Getsêmani, fato esse que só ele conta, ficamos tentados a supor que era ele mesmo... E aí vemos que a descrição do moço que estava de branco no túmulo após a Ressurreição, com tantos detalhes de quem eram as mulheres que ali chegaram, enquanto os outros evangelistas falam em "anjo", isso nos faz acreditar que era João Marcos esse moço. Se ele escreveu tanta coisa claramente testemunhal, não é válida a tradição de que Pedro foi o autor da conversão de João Marcos, anos depois disso, e sendo ele muito jovem. Calculo que teria nascido aí pelos 14 anos de nascimento de Jesus e teria 16 ao início da pregação, 19 no tempo da Ressurreição e então teria algum filho, que após uns quinze anos fosse convertido e batizado e levado para Roma bem depois de Paulo de Tarso ter sido decapitado por ordem de César. Nessa época o evangelista João Marcos era já algo idoso para a época, pois devia ter mais de 60 anos e seu evangelho é anterior ao ano 56. O João Marcos que saíu de Roma para o Egito e foi executado esquartejado entre dois cavalos em Alexandria lá pelos anos 80, podia ter 50 anos e então seria filho do Evangelista...
Escrevi na Introdução de meu livro inédito sobre os Reis Magos:
Há um túmulo solenemente exposto com esquife revestido de ouro na Catedral de Colônia na Alemanha. Porém, as referências existentes são muito pequenas. Lemos algo sobre a origem dessas relíquias. Contam os documentos que os restos foram trazidos de Milão, aonde teriam chegado de Constantinopla onde permaneceram longo tempo desde sua remoção de algum lugar da Ásia Menor onde foram mortos nas perseguições aos cristãos ao redor dos anos 70. Também há notícia de que nesse esquife estão os restos de três pessoas e que só dois eram realmente os que visitaram Jesus em Belém.
Isto já era material suficiente para começar uma investigação séria. Entretanto, não tenho como sair em busca de mais referências e documentos, afora a leitura do material disponível nesses poucos registros e mais as tradições. O primeiro levantamento me levou a reler o Evangelho de Mateus e constatar que só ele narra esse episódio. Nem Marcos, nem Lucas, nem João fazem a menor referência aos "magos vindos do oriente" como os nomeia o publicano Mateus.
No passo seguinte constatei que Mateus é o segundo a fazer um relato sobre a vida de Jesus. Embora seja o primeiro na ordem da Bíblia, sabemos que ele fez seu testemunho escrito uns vinte anos depois de Marcos. Aí soubemos que João Marcos redigiu seu Evangelho, o mais concentrado, após sua discussão em que abandonou Paulo em uma das viagens e depois disso recebeu o apoio de Barnabé (que também teria feito um texto sobre os ditos de Jesus). Isso ocorreu mais ou menos dezoito a vinte anos após a Ressurreição e ambos saíram juntos levando cópias escritas da "Boa Nova, segundo João Marcos" para deixar com os fiéis. Há uma cópia encontrada no meio dos documentos essênios uma "cópia do Evangelho segundo Marcos" com data do ano 56 d.C. Isso indica que foi escrito antes desse ano.
Foi, portanto próximo da destruição de Jerusalém que Mateus escreveu. Já seria bem idoso e devia ter consultado Marcos e Barnabé. Ele era "cobrador de impostos" para os romanos e era da genealogia de Davi. Era então uma autoridade romana que podia requisitar até soldados para alguma eventualidade. Seus documentos tinham o valor de um tabelião de hoje. Essa é a importância de seu relato. O segundo valor desse testemunho é que todos os evangelistas referem que ele, rico e nobre, chamado por Jesus logo ao começo, não só atendeu como entendeu e acompanhou o DivinoMestre até o fim, sem ser perseguido até deixar de ser o cobrador de impostos de Roma. Esse depoimento tem assim um valor muito grande para levarmos a sério que houve "uns magos do oriente" visitando Jesus recém-nascido.
CONCLUSÃO - Entendemos assim que os cristãos do primeiro século deram ao Evangelho de Mateus a autoridade máxima passando a considerá-lo o texto central da Boa Nova e depois atribuiram a João Evangelista a autoria do Apocalipse e das cartas apostólicas assinadas com o nome de João. Estariam evitando um confronto entre os "paulinos" e os "evangélicos". A nós cabe restaurar a informação.
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